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Mais uma vez Pedro Parente envia carta tentando iludir os petroleiros

Em carta encaminhada aos petroleiros na última segunda feira (22/05) Pedro Parente tenta demonstrar que a atual administração está conduzindo a empresa para uma recuperação, que na realidade é totalmente falsa, pois a Petrobras continua a mesma que sempre foi, lucrativa e forte geradora de caixa. Começa dizendo:
“Temos um plano estratégico sólido e que vem sendo implementado com resultados bastante positivos”.
Plano estratégico sólido ? Na realidade um plano estratégico ridículo, cujo único objetivo é forçar o atingimento de um indicador de alavancagem de 2,5 imaginário, estabelecido em Wall Street, totalmente desnecessário, objetivando justificar venda de ativos valiosos.
Venda de ativos altamente lucrativos que , somente em 2016, atingiram mais de US$ 13 bilhões, num momento de mercado inadequado, feitas sem a devida divulgação, sem concorrência, em negociatas diretas, totalmente fora da lei, que certamente serão contestadas (e já estão sendo) na justiça.
Resultado bastante positivos para quem ?
Para o grupo Ultra, que comprou a Liquigas por um preço inferior ao valor das botijas de gás existentes ( com logo Liquigás ) e distribuidas no mercado ? (vide estudo AEPET)
Para a canadense Brookfield que comprou a NTS a preço de banana nanica ?
Para o Banco Itau, que é sócio do grupo Ultra e participou também do consórcio da Brookfield ?
Para a estatal norueguesa Statoil, cujos dirigentes até hoje comemoram a compra de Carcará, cujas reservas, segundo o geólogo Luciano Seixas Chagas que avaliou o campo, são pelo menos duas vezes o que foi considerado na venda ?
E Parente continua :
“Registramos lucro no primeiro trimestre e os nossos indicadores operacionais e financeiros mostram que a Petrobras está começando a consolidar uma virada”.
Registraram um lucro de R$ 4,4 bilhões no primeiro trimestre e chamam isto de “consolidar uma virada” ? Esquecem, ou não conhecem a história desta empresa, que deu lucro constante desde 1991, o que só foi interrompido em 2014 com o início do “festival” de impairments. Impairments que são ajustes contábeis que não foram feitos por nenhuma grande petroleira. Que não tem nenhum efeito no caixa da empresa e estão sendo contestados em diversos processos na CVM.
Mesmo no período em que a Petrobras subsidiava a venda de combustíveis no mercado brasileiro, os lucros trimestrais eram bem superiores ao apresentado no 1º trimestre de 2017. Como a seguir : 2011 – R$ 33,3 bilhões, 2012 – R$ 21,2 bilhões e 2013 –R$ 23,6 bilhões.
A Petrobras é, e sempre, foi financeiramente forte e equilibrada. Isto está muito bem demonstrado no recente artigo :” Petrobras é muito mais rentável que grandes petroleiras americanas” (vejam no google)
Mas Pedro Parente insiste :
“A nossa geração operacional de caixa (Ebitda) no primeiro trimestre deste ano teve um expressivo aumento de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior”.
De fato o Ebitda Ajustado que no 1º trimestre de 2016 foi de R$ 21,18 bilhões subiu para R$ 25,65 bilhões em 2017, uma variação de R$ 4,46 bilhões. Mas Parente, como sempre, faz afirmações sem analisar o que fala. Ora, alguns fatores não operacionais contribuiram para melhorar o resultado em 2017, tais como :
– Menores gastos com fretes, devido a apreciação do real frente ao dólar e menor provisão para devedores duvidosos no setor elétrico. Só aqui tem uma diferença de R$ 1,36 bilhões.
– Menores gastos com baixa de poços secos R$ 0,86 bilhões
– Menores gastos com paradas não programadas R$ 0,69 bilhões
– Menor depreciação do Dólar sobre a exposição passiva liquida em Euro R$ 1,15 bilhões
– Reversão de gastos com PIDV por desistência do participante R$ 0, 28 bilhões.
Fonte: Notas explicativas dos Relatórios Financeiros publicados
Só no listado acima temos uma diferença de R$ 4,34 bilhões causada por fatores fora do controle da empresa.
Então por que esconder os fatos ? O objetivo é enganar a quem ?
E Parente finaliza num arroubo de emoção só visto na carta testamento de Vargas, e sai da realidade para entrar na ficção :
“É com serenidade de uma firme visão de futuro que garantimos que a Petrobras siga no caminho de sua recuperação”
Seria Odorico Paraguassu ?
O cinismo é tanto que Pedro Parente quer que os petroleiros aceitem suas cartas, das quais não são permitidas cópias e muito menos admitidos comentários, como se fossem um diálogo.


Cláudio da Costa Oliveira – Economista aposentado da Petrobrás para o portal Brasil 247 


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