Recentemente a Petrobrás anunciou e celebrou o “lucro” de R$ 18,8 bilhões do segundo semestre de 2019. Mas é importante destacar as aspas ao redor de lucro. A quantia veio exclusivamente do desmonte da empresa, em especial com a venda das subsidiárias, incluindo algumas refinarias e transportadoras, como a TAG; além da venda de campos terrestres da PO&G BV e do complexo de distribuição do Paraguai. Lucro adquirido com a privatização, e com objetivo óbvio de beneficiar os acionistas.
Em contradição, ao avaliar apenas os dados da produção, percebe-se que os números caíram, com queda de 1% na produção de óleo e gás e de 4% na de derivados, comparando com o segundo semestre de 2018, segundo dados avaliados pelo INEP.
E sabe por que caiu? Porque a Petrobrás reduziu o plano de investimentos, mais uma vez, de US$ 16 bilhões para US$ 11 bilhões. Se não há investimentos na produção, ela estagna e passa a retroceder.
Sem novos investimentos, a empresa segue postergando as atividades de perfuração, o que poderia ampliar seu alcance no mercado. Ao invés disso, a Petrobrás prefere se tornar ainda mais refém dos movimentos e investimentos internacionais. Ou seja, é intencional não produzir nem aumentar a capacidade da empresa, já que o verdadeiro desejo do Governo é de vendê-la, fatia por fatia, começando pelas subsidiárias.
Nós nos importamos!
Dizer que a Petrobrás não dá lucro é mentira. E não precisa vendê-la para conseguir lucro. Um bom exemplo para se entender isso é a própria venda da TAG, a maior rede de dutos de gás do país. Ali o Governo jogou fora uma empresa que sempre rendeu mais de 20% ao ano, para a Petrobrás.
Não é falta de lucro. O que falta é caráter, nessa atual gestão.
Defender a Petrobrás e lutar contra a privatização da companhia é muito mais que balbúrdia e ato esquerdista do contra. Ao defender a Petrobrás nós dizemos a todos que nos importamos, nós nos importamos pela maior estatal da América Latina, pelos milhares de trabalhadores que atuam na companhia, pelos milhões de brasileiros que perderão com a Petrobrás despedaçada.
Nós nos importamos com o futuro do nosso país, assim como o economista Claudio Costa Oliveira, funcionário aposentado da Petrobrás e que escreveu um ótimo texto sobre esse recente “lucro” da companhia.
Sugestão de leitura:
http://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/3463-petrobras-resultado-do-2-tri-de-2019-mais-do-mesmo.