Em 5 de outubro celebra-se o Dia Nacional de Luta contra a Exposição ao Benzeno. Nesta data, lembramos da luta das Cipas em defesa da vida dos trabalhadores, que correm diversos riscos em seus postos de trabalho.
“Tem trabalhadores que não conhecem os principais riscos da exposição ao benzeno, muito menos que existe uma legislação sobre ele. Por isso, a representação do sindicato na Cipa é um porto seguro ao trabalhador, informando e conscientizando a categoria sobre os perigos que corremos”, afirma Baney Toledo Gomes, técnico de operação do Ativo Norte Capixaba, em Linhares, e membro da Cipa.
No entanto, a Reforma Trabalhista de Temer se tornou um mais obstáculo à prevenção e combate ao benzeno. Com a flexibilização da carga horária, que pode atingir 12h diárias, trabalhadores correriam mais riscos de vida e de contrair doenças, além de aumentar a precarização nas unidades.
“Se os petroleiros já sofriam bastante por conta da exposição ao benzeno, mesmo com Acordo Coletivo e leis trabalhistas fortes, imagine agora com a flexibilização. Se eu não sou protegido pelo ACT nem pela CLT, a situação nas unidades se torna ainda mais complicada”, declara Baney.
Ele também recorda do cadastramento do Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno – PPEOB pelo sindicato: “Foi uma grande conquista para a regulamentação de ações de combate à exposição a essa substância cancerígena”.
Além disso, Normas Regulamentadoras de segurança estão na mira da gestão de Pedro Parente, com o corte de direitos no ACT, ataques à AMS da Petrobrás e o enfraquecimento das Cipas. O diretor Renato Pratini também acredita que a tendência é termos um quadro péssimo em relação à precarização dos ambientes de trabalho com a reforma e cortes de direitos.
“Os recursos, que em muitas empresas não eram devidamente aplicados no tratamento e proteção dos ambientes de trabalho, tendem a ser zero, com prejuízos à saúde e doenças disparando. As Cipas terão muito trabalho, até porque a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, que já era precária, será diretamente impactada. Então a quem os trabalhadores irão recorrer?”, declara.
Prejuízos às mulheres
Diante desse cenário, as mulheres são as mais prejudicadas. A Reforma Trabalhista prevê que mulheres grávidas ou em fase de amamentação podem trabalhar em ambientes insalubres de grau mínimo e médio. No entanto, estamos falando de uma empresa onde os gestores colocam a culpa dos acidentes e mortes nos trabalhadores e se afastam das responsabilidades.
A diretora Priscila Patrício alerta que, para as mulheres, o risco de contaminação é ainda maior. A Organização Mundial de Saúde – OMS utiliza amostras de leite materno como base para detecção de poluentes como o benzeno.
“Como ficaremos tranquilas, enquanto mães, se podemos estar transmitindo benzeno diariamente via leite materno aos nossos filhos? A contrarreforma colocou sobre os ombros da mulher grávida e lactante a decisão sobre se expor ou não. Nós mulheres já abdicamos tanto em prol de uma carreira de sucesso, sofremos com a dupla ou até tripla jornada e agora a nossa vida fica em risco”, declara Priscila.
O que é o benzeno e quais são as doenças causadas por ele?
O benzeno é uma substância química orgânica no estado líquido, presente nas cadeias de extração e refino de petróleo e na evaporação da gasolina, por exemplo. Ele é incolor, volátil, inflamável, de odor adocicado e é, comumente, absorvido pelo organismo pela respiração ou em contato direto com a pele. Ele pode também se infiltrar em nosso corpo através da ingestão de alimentos e água contaminadas em casos de acidentes.
Quando absorvido pelo organismo, o benzeno chega à corrente sanguínea e distribuído pelo corpo, atingindo os tecidos gordurosos, a medula óssea e o fígado. Ele irrita os olhos, nariz, garganta e pele e pode provocar dores de cabeça, náuseas, falta de ar, convulsões e até a morte do indivíduo contaminado.
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer – IARC comprovou que o benzeno é cancerígeno e pode provocar linfomas e leucemias, sendo a Leucemia Mieloide Aguda a mais comum.
Para nós que temos contato diário com o benzeno, corremos o risco de desenvolver o benzenismo, ou seja, um quadro de manifestações clínicas e epidemiológicas geradas pela exposição prolongada à substância.
Trabalhador da Transpetro de Cubatão morre por intoxicação de benzeno
O técnico de operação da Transpetro de Cubatão-SP, Marcelo do Couto Santos, de 49 anos, faleceu nesta quarta-feira, 04, vítima da exposição ao Benzeno. No atestado de óbito, consta que o trabalhador sofreu uma parada cardiorrespiratória, insuficiência e cirrose hepática devido à intoxicação. Ele já sofria com distúrbios na saúde em 2016 e se aposentou por invalidez em abril deste ano.
Assim, fica mais do que claro a importância das Cipas para os trabalhadores do ramo de Petróleo e Gás. “O momento é da categoria se unir contra o enfraquecimento das comissões. A união é a força e o conhecimento também”, alerta Baney.
Barrar a Reforma Trabalhista de Temer e a retirada de direitos promovida por Pedro Parente é garantir a nossa luta em defesa da vida.