Para qualquer um que entenda minimamente do setor de Petróleo e Gás é óbvio que quem é a favor da privatização ou está enganado ou está enganando.
Primeiro, é preciso entender que as estruturas de exploração do petróleo, do refino e da distribuição de combustíveis do Brasil foram construídas com o objetivo de fazer com que cada um desses processos fossem integrados. Toda essa estrutura, construída durante décadas, permitiu que nenhuma das regiões brasileiras ficassem desabastecidas.
Por exemplo, as refinarias brasileiras foram estrategicamente construídas para facilitar a distribuição dos combustíveis por todo território brasileiro. Quando uma refinaria não conseguia atender uma determinada demanda, outras refinarias eram rapidamente ativadas para assumir as necessidades dos estados. Esse mecanismo de solidariedade era pensado para evitar ao máximo a importação de combustíveis, o que tornaria tudo mais caro.
Ao privatizar a RLAM, Bolsonaro não só acabou com a relação de “solidariedade” entre as refinarias, como criou monopólios regionais privados. Como resultado, a empresa que administra a RLAM já reajustou a gasolina em 7,40%. Enquanto isso, a estatal subiu seu preço em 1,85%. E ainda criou desabastecimentos em navios da Bahia e nos postos de gasolina de estados como Espírito Santo.
Já ao privatizar a BR Distribuidora, o Brasil voltou a atuar em um cartel de empresas privadas. A consequência? A nova empresa passou a vender os combustíveis mais caros do país.
Ou seja, as privatizações não estão criando concorrências. Pelo contrário, estão contribuindo para os aumentos dos preços dos combustíveis. E isso vai afetar não só a gasolina e o gás de cozinha que a população compra, como também o custo da produção e da distribuição dos alimentos e de várias atividades econômicas do setor de serviços. E tudo isso vai contribuir para aumentar a inflação.
E veja que nem falamos do PPI… Mas essa é uma outra história.
