Assembleias começam na segunda, 31/08, e prosseguem até 13 de setembro
Após intensa avaliação nesta quarta (26) e quinta-feira (27) e dois debates online com os trabalhadores, o Conselho Deliberativo da FUP indica a aceitação da última contraproposta apresentada pela gestão do Sistema Petrobrás. A manutenção por mais dois anos das conquistas históricas da categoria petroleira no Acordo Coletivo de Trabalho, com garantia de emprego até 31 de agosto de 2022, foi o ponto decisivo para a definição do indicativo.
As direções sindicais avaliaram a complexa conjuntura política e econômica que impacta profundamente a classe trabalhadora, com mais de 40 milhões de brasileiros sem emprego, segundo o IBGE. Soma-se a isso o desmonte do setor público e estatal, com mais demissões, precarização e privatizações, oriundas da necropolítica da gestão Bolsonaro que reverbera na Petrobrás.
Neste contexto, uma categoria como a nossa, que é referência para os demais trabalhadores, garantir um Acordo Coletivo com manutenção de direitos e empregos pelos próximos dois anos é uma conquista que não pode ser desprezada.
Congressos definiram a essência da luta
Os principais eixos da campanha reivindicatória, que referenciaram as negociações do Acordo Coletivo, são resultado de um debate amplo e democrático que envolveu 700 petroleiros e petroleiras nos congressos organizados pelos sindicatos e pela FUP. Foi nesses fóruns, que construímos as propostas de regramento do teletrabalho, de garantia do emprego e de manutenção dos nossos direitos. E é também de forma democrática nas assembleias que os trabalhadores decidirão se concordam ou não com o indicativo do Conselho Deliberativo da FUP de aceitação da contraproposta negociada com a gestão do Sistema Petrobrás.
Greve de fevereiro pavimentou o caminho
O Acordo Coletivo de Trabalho não é só uma convenção de direitos conquistados com o sangue e o suor de diversas gerações de petroleiros. Faz parte da nossa identidade classista, é o que nos referencia como uma das categorias mais fortes e organizadas do país. Castello Branco sabe que para privatizar a maior empresa nacional, seu sonho confesso, teria que quebrar a espinha dorsal dos trabalhadores, destruindo o ACT.
A greve de fevereiro já havia apontado que essa não seria uma tarefa fácil para ele. A luta que travamos por 21 dias nos fortaleceu para enfrentar os desmandos, a intransigência e as ameaças da gestão bolsonarista. O desmonte que Castello Branco tentou impor goela abaixo dos trabalhadores foi refutado de norte a sul do país.
O resultado dos congressos da categoria e das assembleias deu condições à FUP de buscar no processo de negociação o atendimento da principal reivindicação dos trabalhadores: a renovação do Acordo Coletivo. Preservamos a essência dos nossos direitos por mais dois anos e conquistamos uma cláusula nova de garantia de emprego, que será fundamental na resistência contra as privatizações e nos dará fôlego para enfrentar a maior das batalhas, que é a defesa do Sistema Petrobrás.
Barrar a criação da associação para gerir a AMS
Após garantir a manutenção da AMS no Acordo Coletivo, preservando por dois anos esse direito para mais de 280 mil beneficiários, inclusive aposentados e pensionistas que estão fora da Petros, nossa luta continua para impedir a implantação da associação privada de gestão da AMS.
Derrubar as resoluções da CGPAR
Desde o início de 2018, a FUP tem se mobilizado contra as Resoluções 22 e 23 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR). Essa herança do governo golpista de Temer alterou o custeio de todos os planos de saúde geridos por empresas estatais federais e impôs uma série de restrições para os beneficiários. Intensificaremos a luta pela aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 956/2018, de autoria da deputada federal Érika Kokay (PT/DF), que suspende os efeitos das Resoluções da CGPAR.
Petrobrás Fica
Com um Acordo Coletivo de dois anos, a manutenção dos nossos direitos e a nova cláusula de garantia de emprego, acumulamos força para a maior luta que temos pela frente, que é a defesa do Sistema Petrobrás. A hora agora é de fortalecer as frentes de lutas contra as privatizações, envolvendo outras categorias, governantes, parlamentares e a sociedade civil, como já estamos fazendo na campanha Petrobrás Fica.
Pontos principais da contraproposta
ACT válido por 2 anos para todas as empresas do Sistema – periodicidade do Acordo será até 31 de agosto de 2022, mantendo a íntegra do atual ACT na Petrobrás e subsidiárias.
Garantia de emprego – a Petrobrás se compromete a não realizar demissões sem justa causa durante a vigência do Acordo Coletivo, ou seja, até 31 de agosto de 2022.
Teletrabalho – criação de um GT paritário para acompanhar o teletrabalho no Sistema Petrobras. Desde o início de agosto, a FUP vem discutindo com os gestores da empresa propostas de regramento do trabalho remoto. Só com regras definidas de forma coletiva conseguiremos atender às principais reivindicações dos trabalhadores, dando previsibilidade e segurança à categoria, não só durante a pandemia, como nos momentos seguintes. O regramento é de suma importância, pois o trabalho remoto já vem sendo exercido por mais de 20 mil petroleiros e petroleiras em todo o Brasil e é uma das ferramentas que poderá manter os trabalhadores nas bases que estão sendo desmobilizadas pela gestão do Sistema Petrobrás.
Benefício Farmácia – 16.800 beneficiários situados nas três primeiras faixas de renda serão isentos de desconto e terão o subsídio integral dos medicamentos adquiridos.
Reajuste salarial – a empresa mantém o reajuste zero em 2020 e propõe reajuste automático de 100% do INPC em setembro de 2021.
Reajuste do vale refeição/alimentação – correção integral pelo INPC em setembro de 2020 e em setembro de 2021.
Manutenção da Gratificação de Campo Terrestre – a gestão volta atrás na proposta anterior de acabar com a gratificação.
Dobradinha/feriado do turno – está mantido o pagamento das horas extras dos feriados trabalhados, conforme previsto no atual ACT (01 de janeiro, Carnaval, 21 de abril, 1º de maio, 7 de setembro, 15 de novembro e 25 de dezembro). A proposta original da gestão da empresa era de extinguir esse direito.
HE troca de turno – a Petrobrás assume o compromisso de retomar a discussão com os sindicatos sobre a medição do tempo de passagem de serviço nas unidades operacionais.
Banco de horas – a gestão se compromete a retomar a negociação do regramento do banco de horas, após o fechamento do ACT.
SMS – a gestão mantém as cláusulas do capítulo sobre Saúde, Meio Ambiente e Segurança, que já consta no ACT. A proposta anterior era de restringir o acesso dos dirigentes sindicais aos locais de acidentes de trabalho e às inspeções oficiais.
PLR – a empresa se compromete a iniciar a negociação do regramento do pagamento da PLR 2021 imediatamente após o fechamento do ACT.
AMS continua no ACT – uma das principais conquistas é a manutenção de todo o regramento da assistência médica no Acordo Coletivo de Trabalho por mais dois anos. Apesar das resoluções 22 e 23 da CGPAR, que obrigam as empresas estatais a alteraram os planos de saúde até o final de 2021, a AMS está protegida pelo ACT até 31 de agosto de 2022, preservando o benefício para mais de 280 mil usuários, inclusive aposentados e pensionistas sem Petros. Em relação ao reajuste do Grande Risco, a empresa concordou em alterar a tabela anteriormente proposta, cujos aumentos abusivos chegavam a 1.422%, penalizando os beneficiários com mais idade e menores rendas. Com a nova tabela, os reajustes foram reduzidos a menos da metade dos percentuais anteriormente propostos.
Fim do boleto da AMS: Desconto volta a ser no contracheque – a gestão do Sistema Petrobrás finalmente irá acabar com a cobrança da AMS via boletos bancários, garantindo no ACT que os descontos voltem a ser feitos no contracheque, inclusive para os integrantes do PP2, que só tinham a opção dos boletos. Essa é uma luta que as entidades sindicais vinham travando desde abril, quando a empresa alterou a forma de cobrança, prejudicando milhares de aposentados e pensionistas. Muitos deles chegaram a ficar inadimplentes, por conta desta mudança, correndo o risco de perderem o direito à assistência médica em plena pandemia da covid-19.
Relações sindicais – a gestão voltará a praticar o desconto em folha das contribuições assistenciais, respeitando o direito de oposição do trabalhador, mas reduzirá o número de liberações de dirigentes sindicais, tanto para a FUP, quanto para os sindicatos.
Texto FUP.