O painel Mobilizar e Ampliar o Diálogo com a Sociedade, desse terceiro dia da Plenafup, trouxe reflexões importantes para a luta dos trabalhadores e reafirmou a relevância da história para a construção da política sindical. O historiador e professor da Escola de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas, Paulo Fontes, fez um resgate da história social do trabalho, observando que o Brasil carece de uma cultura histórica e isso afeta muito a luta dos trabalhadores e do povo em geral.
“O momento exige que conheçamos mais sobre nossa história, que pensemos criticamente sobre ela, em particular sobre a história do trabalho – isso é vital e fundamental para construção da identidade de classe. O passado não é ultrapassado, pelo contrário, é ele que nos dá as condições para compreendermos o presente. A lógica do neoliberalismo é justamente apagar a história, e nos convencer de que o imediato, o virtual é que conta”.
Fontes apontou como desafio importante a articulação internacional da ação dos trabalhadores e a necessidade de se pensar as noções de classe social, raça e gênero do ponto de vista da história do trabalho – lutas que não são de agora.
A Crise é Civilizatória
O líder Nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile, frisou a necessidade de se pensar um novo modelo de estado. ” O estado burguês está em crise, está desacreditado e não responde às demandas da população, o capital ganhou autonomia. Somado a isso, temos uma crise civilizatória, de valores da humanidade (solidariedade, igualdade e justiça).
Stédile defende a elaboração de um programa popular, com reformas estruturantes para o País e a curto prazo, acredita que a nossa prioridade é eleger Lula para a Presidência da República. “Uma eleição sem Lula é fraude. Lula representa a classe trabalhadora. Se Lula não ganhar, o conflito tende a aumentar. Nossa força está na mobilização de massa, 66 milhões de trabalhadores estão fora do mercado, da economia, precisamos restabelecer nosso diálogo com a base social e com aclasse trabalhadora, fazer formação política ideológica e construir nossos canais de comunicação”.
Desmonte das Estruturas Sindicais
O diretor da CUT, Júlio Turra, traçou um panorama da história da formação da organização da classe trabalhadora no Brasil, defendeu os sindicatos livres e criticou os grupos que usam essas organizações como meio de vida.”A Contrareforma do Temer, da direita, desmantelou as estruturas sindicais com o fim do imposto sindical, que a Cut sempre foi contra. Temos grandes desafios pela frente, já vivemos situações adversas semelhantes e de grande complexidade, e as greves do final dos anos 70 e 80 devem nos inspirar, ser nossa referência para construção de um novo modelo de sindicalismo.
Já o diretor da CTB, Divanilton Pereira, defendeu uma perspectiva mais ampliada da luta sindical e dos partidos de esquerda, envolvendo os setores considerados desorganizados para que possamos avançar nas mudanças estruturais da sociedade.