Sindipetro ES

“Hoje não faltam motivos para nos mobilizarmos”

 
Este ano, a primeira Greve Geral completa 100 anos, o ato foi a primeira grande luta operária brasileira, que aconteceu em julho de 1917. Cem anos depois, a luta continua, os objetivos não mudaram tanto e neste 1º de Maio, ainda vemos o trabalhador sendo explorado e agora ameaçado pelas contra-reformas da Previdência e Trabalhista, a lei da Terceirização, a Reforma do Ensino Médio, além do desmonte e as tentativas de privatização das empresas Estatais como Petrobrás, a Caixa Econômica Federal, os Correios.
“A luta continua e ela não deve parar nunca, vencemos algumas batalhas, perdemos outras, mas precisamos estar sempre unidos para garantir nossos direitos tão duramente conquistados. A luta sindical se mostra ainda mais necessária, a união deve ser ainda maior para temos força para barrar esses retrocessos”, diz Paulo Rony, Diretor do Sindipetro-Es.
Depois da Greve Geral, no dia 28 de Abril, os atos vão continuar em todo país até que a Reforma da Previdência seja barrada. “Não vamos sair das ruas enquanto nossos direitos não forem restaurados. E nesse 1º maio, dia do trabalhador, estaremos nas ruas e praças desse país exigindo a preservação dos direitos de homens e mulheres que produzem a riqueza do Brasil”, afirma Rita Lima, Diretora do Sindibancários-ES. A sindicalista percebe que a luta sindical teve uma esmorecida, algumas instituições se afastaram da base e se contentaram com acordos rebaixados. “Na hora em que se acirram as contradições sociais, como agora, esse debate faz falta e é difícil convencer a classe de que nossa luta vai além da pauta salarial”, completa.
 
Devido à importância do sindicalismo e desse enfraquecimento é necessário que os sindicatos se reinventem para se adequar ao momento em que vivemos e, com isso, ganhar cada vez mais força com as transformações que afetam todos os setores da sociedade. “Infelizmente, não temos o que comemorar no Dia do Trabalhador, porque a Reforma Trabalhista significa o aumento do desemprego e um desrespeito a todos os trabalhadores e trabalhadoras deste país”, diz Paulo Rony.  
Para que haja de fato essa renovação da força sindical, Rita afirma que é preciso “falar a língua” do trabalhador, criar ambientes de participação democráticos e até mesmo usar a criatividade, recorrendo a recursos lúdicos e culturais que possam potencializar a ação política. “Nosso papel é deixar claro que os problemas vivenciados no cotidiano são coletivos, fruto da estrutura de exploração do trabalho, e todas as saídas são também coletivas”, completa.

Os dois sindicalistas acreditam que ainda temos condições de barrar as contra-reformas, de dialogar e de fazer pressão, mas é preciso estar sempre vigilante. “O 1º de maio representa um dia de luta, um dia de união, reforçar a importância do trabalhador nesse movimento é a nossa missão. E eu acredito na categoria petroleira, que tem histórico de ser uma categoria de luta”, afirma Paulo Rony.
“Os trabalhadores e as trabalhadoras, seja nas cidades ou no campo, têm muitos motivos para lutar. No Brasil, todo o ordenamento jurídico que garante direitos à classe trabalhadora foi fruto das lutas sociais, de muitas greves ao longo da história brasileira. E hoje não faltam motivos para nos mobilizarmos”, complementa Rita.
Como tudo começou
O 1º de Maio é um dia simbólico para a luta pelos direitos trabalhistas e hoje recordar essa data significa pensar no nosso futuro. A primeira grande manifestação que aconteceu nesta data foi nos Estados Unidos, em 1886, quando trabalhadores chegavam a trabalhar até 12 horas por dia e a maior reivindicação era redução dessa jornada para 8 horas. As manifestações nessa época eram respondidas com mortes, prisões e perseguições. Apesar dos milhares de mortos e feridos, as 8 horas de trabalho não foram conquistadas naquele dia, apenas 20 anos depois a redução da jornada passou a valer.
No Brasil, a história foi um pouco diferente porque o Regime Escravocrata durou até 1888 e depois da abolição e a falta de uma política para integrar os ex escravos a sociedade e sem uma Reforma agrária, as consequências foram trágicas e vivemos elas até hoje. Nessa época foram chamados para trabalhar no Brasil imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, e foram eles que encabeçaram a luta pela redução da jornada de trabalho, que foi aprovada em 1932, por Getúlio Vargas.

As mulheres também tiveram um papel crucial neste movimento no Brasil. Em junho de 1917, décadas antes da consolidação das leis trabalhistas no Brasil, cerca de 400 operários – em sua maioria mulheres – da fábrica têxtil Cotonifício Crespi na Mooca, em São Paulo, paralisaram suas atividades. Mais uma vez a repressão foi violenta e muitas morreram.
Precisamos valorizar a vida de todos esses trabalhadores e trabalhadoras  que morreram para termos os direitos que temos hoje e também lutar pelas nossas vidas para continuarmos com condições dignas de trabalho. Por isso, o 1º de Maio é tão importante, ele foi um marco no nascimento da classe operária, que pode criar suas primeiras associações e sindicatos para lutarem por seus direitos. Devemos essa herança a todos eles e a nossa luta deve continuar sempre!

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