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1ª Epístola de Pedro aos petroleiros

Por Cláudio da Costa Oliveira, enviado ao Cafezinho
Caríssimos,
Já escrevi diversas cartas para vocês, mas todas feitas sem retratar honestamente tudo o que passa na minha alma. Em alguns poucos momentos da vida me ocorrem arroubos de sinceridade e nestes casos sinto a necessidade de me expressar como epistógrafo, me dirigindo a uma comunidade de amigos e pedindo que divulguem, entre si, meus pensamentos.
Alguns acontecimentos têm me preocupado e até me abatido ultimamente. Primeiro um grupo de “tecnetes” (acho que o Renan chamaria assim) do TCU, resolveu levantar dúvidas sobre a forma como venho me desfazendo dos ativos da Petrobras, me afrontando. Ora, como se eu não soubesse o que posso e não posso fazer, logo eu, o grande Pedro, o rei da cocada preta. Tive de paralisar as vendas de ativos. Um absurdo.  Mas eles não perdem por esperar, pois com a cúpula política do TCU eu me entendo muito bem, e tudo logo estará acertado por baixo dos panos numa boa.
Irmãos, vocês não sabem como tudo isso me irrita. Eu quero fechar o ano com pelo menos US$ 20 bilhões em caixa. Quando participo de festas e eventos as pessoas sussurram: “ele comanda uma empresa que tem US$ 20 bilhões em caixa”. Isto me enche de orgulho. Pedrão, o mais poderoso do mundo. Portanto, o que eu disse em cartas, que a empresa não tem recursos para cobrir aumentos salariais é uma mentirinha, mas muita gente acredita, não é? Não é um barato?
Agora no final do ano surgiu um novo problema. O governo decidiu fazer uma politicagem boba para dizer que está procurando reduzir a dívida pública, e obrigou o BNDES a devolver R$ 100 bilhões ao Tesouro . Eles disseram: “resulta em melhora substancial e imediata do nível de endividamento”.  Grande palhaçada, pois a dívida equivale a 70,3 do PIB e este pagamento representa apenas 1,6% do PIB. De qualquer forma, o fato é que sobrou para mim, pois me pediram para adiantar R$ 17 bilhões para capitalizar o BNDES.
Com tudo isso, tive de passar a maior vergonha, pois já havia enviado carta ao primeiro ministro chinês Li Keqiang, agradecendo a oferta do cheque especial de US$ 10 bilhões e acabei tendo de usar US$ 5 bilhões. Poderia ter utilizado dinheiro do caixa para o BNDES, mas eu quero manter pelo menos U
S$ 20 bilhões em caixa. É uma questão de orgulho, disto não abro mão.
E vejam o meu calvário. Nós fizemos uma reengenharia e nomeamos um novo gerente executivo de RH para as negociações do Acordo Coletivo. Me disseram que era a pessoa mais indicada para o cargo. E o que aconteceu ? Já fizemos duas “última proposta” e com o vexame que passamos no TST vamos ter de fazer a última, última, última. O presidente Mishell está uma fera e me questionou : “Vocês não tem competência para negociar com estes petroleiros ? Assim nem eu vou acreditar mais.”
Ainda bem que vocês não se entendem, isto tenho de agradecer, porque se vocês se unirem, provavelmente eu acabo perdendo meu cargo.

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