Na tarde da quinta-feira, 28, aconteceu uma reunião setorial com os trabalhadores e trabalhadoras do Edivit, na portaria da Praia do Canto. Entre os assuntos debatidos estão a declaração do Gerente Executivo da área de Gestão de Pessoas da Petrobrás, Cláudio Costa, sobre fechamento de prédios administrativos; e acordo coletivo.
Na segunda-feira, 25, Cláudio Costa afirmou, em reunião na sede administrativa, em São Paulo, que será necessário demitir parte dos 800 trabalhadores da sede. O Gerente destacou que em São Paulo ficará o que, segundo ele, é “essencial e ultranecessário para a performance da companhia”. Também disse aos trabalhadores que talvez muitos deles “não permaneçam na companhia nos próximos ciclos de suas vidas pessoais e profissionais”. Ele deixou claro, ainda, que medidas como demissões e fechamento de unidades não se restringirão a São Paulo, atingindo trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás em todo o Brasil.
O diretor de Formação do Sindipetro-ES, Wallace Ouverney, salientou durante a reunião setorial que essa atitude do Gerente Executivo da área de Gestão de Pessoas é assédio moral. “Em qualquer país do mundo uma atitude dessa seria classificada como assédio moral. Cláudio Costa usou o cargo dele, o poder que vem desse cargo, para assediar os trabalhadores e trabalhadoras”, diz.
Wallace destacou que o acordo coletivo dos petroleiros e petroleiras prevê que, caso uma unidade seja fechada, os trabalhadores e trabalhadoras devem ser realocados, o que garante a estabilidade. “Ao dizer que unidades serão fechadas e isso causará demissões, Cláudio Costa deixa claro que não conhece o acordo coletivo ou que existe a intenção de alterá-lo”, afirma.
Diante dessa situação, Wallace falou da necessidade de mobilização da categoria. “O sindicato somos todos nós, é a força da categoria de se organizar que vai garantir os direitos. Não tem outra maneira de nos ouvirem, a não ser parando a produção”, destaca. O vice coordenador geral do Sindipetro-ES, Valnisio Hoffmann, lembrou que a queda da ultratividade da norma em virtude da reforma Trabalhista pode causar retrocessos no acordo coletivo.
“Antes, caso o acordo coletivo vencesse sem que houvesse negociação entre a empresa e os trabalhadores, ele continuaria valendo. Agora, caso a empresa não queira negociar e o acordo coletivo passar da validade, a empresa pode fazer alterações nele, que, certamente, causarão perdas de direitos. O nosso acordo coletivo vale até 31 de agosto. Portanto, temos que renová-lo até lá”, explica.
Intensificação do assédio moral
De acordo com a secretária de comunicação e imprensa do Sindipetro-ES e diretora da FUP, Priscila Patrício, é visível que a Petrobrás está usando o assédio moral como ferramenta de gestão. “Quem reclama de assédio moral dentro da empresa normalmente é transferido, enquanto o assediador não é punido. Também tem gente que sofre o assédio mas não consegue identificar que é um assédio moral. Por isso, estamos trabalhando na organização de um seminário sobre esse tema”, diz.
Estão ocorrendo, ainda, práticas antissindicais. “Consultores, supervisores e coordenadores estão sendo pressionados para se desfiliar do sindicato. Não é a toa que tem aumentado o número de desfiliação entre esses trabalhadores e trabalhadoras. O sindicato vai formalizar uma denúncia no Ministério Público”, diz Wallace.
PLR
Durante a reunião setorial também foram dadas informações sobre a PLR. O lucro da Petrobrás foi divulgado na quarta-feira, 27. Como os trabalhadores e trabalhadoras já receberam o adiantamento no ano passado, o valor provisionado deste ano virá com desconto no valor do adiantamento. A previsão do pagamento é no início de maio. Em relação à PLR 2020, é preciso pressionar para que a Petrobrás não mude a regra, já que ela pode aplicar a regra geral das estatais, por meio da qual o provisionamento é de 4.5%, enquanto na atual é de 6.25%.