Cada vez mais se tem falado sobre assédio moral no trabalho, uma forma de violência institucional que pode levar ao adoecimento. O assédio moral foi definido, em 1998, a partir do trabalho de Marie-France Hirigoyen, que o definia como “qualquer manifestação de conduta abusiva e, especialmente, os comportamentos, palavras, atos, gestos e escritos que podem atentar contra a personalidade, a dignidade, a integridade física ou psíquica” ou “que podem por em risco seu emprego [do funcionário] ou degradar o clima de trabalho” (pp. 43-44).
No Brasil, um nome de referência na temática é o de Margarida Barreto, que define o assédio como “a exposição de trabalhadores a situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função, de forma repetitiva e prolongada ao longo da jornada de trabalho” (2018). Segundo sua definição, o assédio moral é um risco não visível no ambiente de trabalho. Por causar sofrimento, pode gerar adoecimento, além de “perda de trabalhadores qualificados, aumento do absenteísmo”, entre outros.
Hirigoyen fala ainda das empresas indulgentes, que fecham os olhos para situações de assédio moral ou as promovem (1999, pp. 63-64). Aqui, novas formas de gestão, que perseguem a melhora dos resultados deixando de lado o fator humano, acabam por criar as condições favoráveis para situações assediadoras. Essa noção se aproxima do assédio organizacional, que diz respeito a um sistema de exigência de metas inalcançáveis, pautado em uma lógica produtivista, que pode acabar causando situações mais individualizadas de assédio moral (Farah, 2016). O assédio organizacional é uma forma de compreender a violência institucional a partir de uma perspectiva contextual mais ampla.
Referências bibliográficas
1 Psicóloga do Centro Federal de Educação Técnica e Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), doutoranda em Saúde Coletiva, sendo aluna do programa Ciências Humanas e Saúde, do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ).
BARRETO, Margarida. Assédio moral: risco não visível no ambiente de trabalho. http://www.assediomoral.org/spip.php?article372. Acessado em 19 de março de 2018.
FARAH, Bruno. Da depressão ao assédio organizacional: efeitos humanos do poder paradoxal nas empresas pós-disciplinares. In: Bruno Farah (org.) Assédio Moral e Organizacional: Novas Modulações do Sofrimento Psíquico nas Empresas Contemporâneas. São Paulo: LTr, 2016.
HIRIGOYEN, Marie-France. El acoso moral. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, S. A., 1999.
SOUZA, Terezinha Martins dos Santos, e DUCATTI, Ivan. “A gênese do assédio: uma análise histórico-social”. Em Pauta: Revista da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, n. 32, v. 11,
2013, pp. 151-172.