Há 29 anos, um grupo de petroleiros e petroleiras se reunia em São Mateus para fundar o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Extração de Petróleo do Espírito Santo (STIEP-ES), que mais tarde se tornaria o Sindipetro-ES. Comemorar esse aniversário é lembrar-se da nossa trajetória de lutas, conquistas e de muito trabalho em defesa dos trabalhadores das áreas de petróleo e gás no estado.
No começo, a atuação do Sindipetro-ES estava mais voltada para o Norte, já que a Sede da Petrobrás ainda era em São Mateus. Mirta Chieppe fez parte da comissão de criação do Sindicato e lembra bem dessa época. Ela exerceu na criação o cargo de Conselheira Fiscal e em 2014 foi eleita Vice – Coordenadora Geral do Sindipetro-ES. Hoje, ela está aposentada, mas continua ativa dentro do Sindicato como Diretora de Assuntos Jurídicos.
Durante tantos anos de luta, Mirta se lembra da Greve de 1991, que durou 21 dias, e foi contra as políticas de arrocho salarial sem precedentes no governo neoliberal do FHC. “Nossa greve foi considerada ilegal e abusiva pelo TST, e na época fizemos um Ato simbólico de ‘dar as costas’ e ‘cartão vermelho’ para o Tribunal. Tivemos como penalidade, além das faltas na ficha de registro na Petrobrás, os contracheques ‘zerados’, e recebemos na ocasião uma ajuda de custo do recém-criado Sindicato”, conta.
Apesar de ser um sindicato jovem, temos inúmeras histórias para contar. Já enfrentamos duas greves históricas: em meados da década de 1990, nossos antecessores lutaram arduamente contra a privataria tucana de FHC, que ameaçava entregar a Petrobrás ao capital estrangeiro. E em 2015, o nosso movimento grevista resistiu durante 23 dias até a aprovação do nosso Acordo Coletivo e discussão da Pauta Pelo Brasil, que defende a Petrobrás 100% pública como forma de retomar a força econômica do país.
Eneias Zanelato também está desde a fundação do Sindicato, em 1989, quando tinha 24 anos e 6 anos de Petrobrás, mas a militância começou antes. Enéias fazia parte de um grupo de teatro, que fez uma peça que revelava as reivindicações da categoria e questões de segurança no trabalho. O espetáculo não agradou nem um pouco os dirigentes da época.
“Me filiei por que vivíamos um momento de arrocho salarial com índices alarmantes de desemprego e os trabalhadores buscavam proteção nos sindicatos”, lembra. Zanelato foi diretor de base com atuação nas secretarias de Comunicação e Administrativa e em 1999 assumiu a Coordenação Geral do Sindipetro-ES, sendo reeleito por mais 3 mandatos.
Como todo dirigente sindical, ele sofreu muitas retaliações de alguns gerentes, sendo diversas vezes transferido e tendo promoções congeladas, mas tudo isso só deu ainda mais gás para ele continuar na luta. Como um desses momentos marcantes, Zanelato destaca a campanha pela instalação de uma Escola Técnica em São Mateus, no ano 2000.
“Na época era proibido por FHC construir Escolas Técnicas. Conseguimos o apoio da Petrobrás, Prefeitura e Sindipetro-ES e iniciamos uma extensão de mecânica e eletrotécnica e qualificamos vários trabalhadores. Hoje é uma realidade”, conta Zanelato. Ele também relembra diversos momentos em que lutou por melhores condições de trabalho e vida para os tercerizados.
Já para Mirta, a maior conquista foi ampliar a participação das mulheres no movimento sindical. Durante muito tempo, ela foi a única mulher e, em 2017, a companheira Priscila Patrício se juntou a luta. “Agora estamos unidas dando continuidade ao trabalho de empoderamento da mulher petroleira, mas ainda há muito machismo no nosso ambiente, a luta por mais espaços de fala é diário”.
Uma dessas ações para aproximar as mulheres do movimento sindical é o 2° Encontro de Mulheres Petroleiras do Espírito Santo. O evento será neste sábado (7), em São Mateus, com o tema “Unidas pela liberdade, pela vida e pelo respeito”.
Atual Coordenador – Geral Sindipetro-ES, Paulo Rony é filiado há mais de 10 anos e também viu o crescimento do sindicato, que nos últimos anos se tornou uma instituição respeitada em todo Brasil. “Independente da gestão, a missão do sindicato é defender os direitos dos trabalhadores e defender a Petrobrás como empresa pública e do povo. Dessa forma, mantemos a categoria unida e o sindicato cada vez mais forte”, diz.
Neste ano de 2018, a luta não parou em nenhum momento. Em sintonia com os movimentos sociais e outros sindicatos, conseguimos conter o avanço da Reforma da Previdência. Além disso, temos a expectativa de barrar o injusto equacionamento do Plano Petros -1, que vai prejudicar o orçamento dos petroleiros aposentados e vai livrar a Petrobrás do déficit do PP-1.
Outra luta nossa é contra a Reforma Trabalhista e a Terceirização, que quer acabar de vez com os direitos dos trabalhadores e dar o golpe final nos sindicatos, extinguindo o imposto sindical. Por isso, neste momento a nossa união é ainda mais necessária.
Precisamos também de novas caras e de renovar as energias com novos sindicalizados para barrar essas “reformas” e a gestão entreguista de Pedro Parente. Temos uma longa jornada pela frente e a responsabilidade e o compromisso de nos mantermos combativos e referência para o movimento sindical capixaba.