Curitiba recebeu neste final de semana um importante evento para as mulheres petroleiras: o 5º Encontro do Coletivo de Mulheres da FUP. O evento, organizado pelo Sindipetro – PR/SC e pelo Sindiquímica – PR em parceria com o Coletivo Nacional de Mulheres e com a FUP, aconteceu nos dias 7, 8 e 9 de abril e teve como principal pauta a luta contra o avanço do conservadorismo e o impacto na vida das mulheres.
“Foi o melhor evento sindical que tive a oportunidade de participar. Senti orgulho de estar em um seminário feito por mulheres, com a participação de trabalhadoras da ativa, aposentadas, sindicalistas, etc. Todas com alto nível de comprometimento e engajamento com a luta”, comenta a diretora do Sindipetro-ES, Priscila Patrício. “Isso mostra que nós mulheres temos sim capacidade e autoridade para discutir sobre o futuro da Petrobrás e do Pré-sal, Reforma da Previdência, acordo coletivo de trabalho, sem deixar de lado as questões de gênero e assuntos de combate às opressões como o racismo, machismo e homofobia. Esse encontro nos trouxe informações importantes para nos empoderar e combater, unidas, as tantas violências que sofremos”, completa.
Além das petroleiras vindas de diversos estados, o encontro teve ainda a participação de militantes da Marcha Mundial das Mulheres, da União Brasileira de Mulheres e do Levante Popular da Juventude que traçaram um panorama sobre os espaços que as mulheres ocupam e o patriarcado que hierarquiza e as inferioriza, sobre a violência de gênero e a importância de promover o acesso à informação que empodera e faz com que a mulher protagonize histórias e continue na luta.
A petroleira Bruna Moschen, que atua no Edivit, aponta sua satisfação com a organização do evento que contou com palestras, debates e intervenções culturais. “Foi um ótimo encontro, muito bem organizado. Ver as mulheres em sintonia com as atividades foi gratificante. Superou minhas expectativas”, comenta. Moschen conta ainda sobre a importância do evento: “esses espaços são extremamente necessários para nos organizarmos e traçarmos estratégias para nossas questões dentro do ambiente de trabalho que é extremamente masculino, principalmente nas bases operacionais. São importantes também para trocarmos nossas experiências e vivências. Por isso é necessário aproveitarmos essas atividades já que somente nesses espaços podemos estar em contato com mulheres petroleiras de outros estados que carregam outras vivências”.
Durante o encontro foi elaborado um documento com propostas de pautas que serão levadas para o Congresso da FUP. Cada petroleira ficou responsável por levar as pautas para os congressos regionais para serem discutidas e depois serem pautadas no ConFUP. “A semente foi plantada. Voltamos entusiasmadas e cheias de vontade em construir e formalizar nosso coletivo de mulheres do Espírito Santo, que disputará inclusive, a sede do próximo encontro do coletivo de mulheres da federação em 2018”, adianta Priscila Patrício, diretora do Sindipetro-ES.
Propostas para pauta do Coletivo de Mulheres da FUP, encaminhas pela delegação do ES:
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Inclusão da vacina contra HPV no programa de vacinas da Petrobrás com abrangência aos empregados e seus dependentes.
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Cláusula para garantir a redução da jornada de trabalho para as trabalhadoras ADM lactantes que trabalham em unidades e em locais remotos, além das que trabalham em regime de turno e confinamento, com garantia de transporte ou aumento de folga proporcionalmente.
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Disponibilização de salas de amamentação em todas as bases.
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Que a empresa conceda ou reserve um espaço disponível em suas sedes administrativas próprias para uma parceria com creche particular, para que as mães tenham opção de creches mais próximas aos locais de trabalho.
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Manutenção dos serviços de promoção da saúde nas unidades, a exemplo do programa de ginástica laboral que foi extinto em várias bases da Transpetro.
Também foi apresentada pela delegação uma monção de repúdio pelo descumprimento do parágrafo 11º das Cláusulas 123 do ACT da Petrobrás e 89 do ACT da Transpetro, pois no estado do Espírito Santo essas empresas não estão fornecendo para toda força de trabalho feminina os EPI’s próprios para mulheres e para lactantes, conforme consta no Acordo Coletivo.
Renovação
A delegação capixaba voltou para casa cheia de gás e vontade de fazer mais encontros e atividades que fortaleçam o coletivo de mulheres petroleiras capixabas. “A palavra empoderamento foi citada muitas vezes, para simbolizar e estimular a tomada de poder pelas mulheres nos espaços que são nossos e hoje ocupados em sua maioria, por homens, como os sindicatos”, pontua a petroleira da Transpetro, Miriam Cristina Pinto, que foi ao encontro estando grávida de cinco meses. Estiveram presentes em Curitiba a técnica operacional Patrícia Jesus; a funcionária da Petrobrás e que atua no Edivit, Bruna Moschen; a petroleira da Transpetro, Miriam Cristina Pinto e a diretora sindical Priscila Patrício.