Para justificar a aprovação do PL 4567 temos ouvido os maiores absurdos sobre a empresa. Dizem que está quebrada, que tem a maior dívida do mundo, uma dívida impagável. Dizem que a empresa não tem capacidade financeira de tocar o pré-sal e muitas bobagens mais.
Não preciso lembrar que a Petrobras, apesar da dívida hoje de US$ 90 bilhões, tem um caixa de US$ 30 bilhões , o equivalente a 1/3 desta dívida. Não preciso lembrar que o Plano de Negócios 2017/2021 recentemente apresentado, indica uma geração de caixa de US$ 158 bilhões, ou seja uma média superior a US$ 30 bilhões/ano. Não preciso lembrar que os prejuízos apresentados em 2014 e 2015, foram fruto de ajustes contábeis, altamente contestados, que não geraram nenhuma perda no caixa da empresa (Sobre o resultado de 2015 eu mesmo fiz uma denúncia à CVM, o que gerou o Processo Administrativo “SP-2016-182”, que é público e pode ser acessado no site da CVM, e se encontra em análise). Não preciso lembrar que a Petrobras é detentora da melhor tecnologia e os menores custos para extração de óleo em águas profundas.
Mas preciso lembrar que segundo a ANP nós temos hoje reservas provadas de 40 bilhões de barris. Preciso lembrar que estas reservas ainda não estão registradas no balanço da empresa, pois aguardam testes de longa duração. Preciso lembrar que mesmo nos preços baixos atuais estas reservas equivalem a mais de US$ 1,6 trilhões (US$ 40 x 40). Preciso lembrar que os mais renomados geólogos informam que estas reservas ´podem superar 150 bilhões de barris. Preciso lembrar que quem tem estes volumes de reservas e a tecnologia que a Petrobras tem, não encontra problemas para rolar suas dívidas ou obter novos empréstimos. Preciso lembrar que quando estas reservas forem contabilizadas o patrimônio da Petrobras vai se equiparar aos das maiores petroleiras do mundo, e os indicadores de alavancagem financeira aceitos pelos mais exigentes analistas, inclusive de Wall Street.
Recentemente escrevi um artigo com o seguinte título: “Imaginem uma notícia assim: Vale descobre nova grande jazida de minério em entrega os direitos de exploração para a australiana BHP.”
Claro que a Vale jamais faria isto. Mesmo que não tivesse recurso para explorar a nova jazida, a Vale aguardaria a obtenção dos recursos, pois o minério, como o petróleo, não se deteriora com o tempo.
Vamos falar sério: A PETROBRAS NÃO PRECISA DE AJUDA PARA EXPLORAR O PRÉ-SAL.
Utilizar os desvios ocorridos na empresa e que estão em apuração pela Lava Jato, para criar um “Projeto Lesa-Pátria”, não tem nenhuma lógica. Corrupção em empresas brasileiras, estatais e privadas, sempre ocorreram.
Deixar um concorrente operar no pré-sal tem muitas implicações. Em recente entrevista o ex-diretor da Petrobras Guilherme Estrella, considerado o responsável pela descoberta do pré-sal afirmou:
“Precisamos entender que o operador de uma área está longe de ser uma equipe técnica que cumpre determinações de quem obteve a concessão para pesquisar e explorar petróleo. Todas as empresas que participam de uma licitação vencedora, mesmo que não tenham a maioria das cotas, adquirem um status de proprietário das instalações, sistemas submarinos, navios de produção, equipamentos, tubulações de transferência. O operador é quem manda e desmanda. São as equipes do operador que, a bordo, embarcadas ou em terra, assumem a coordenação das operações. Também são elas que apropriam, manuseiam e interpretam todos os dados de engenharia e geologia das rochas que produzem petróleo e gás natural nos sistemas implantados. Este sistema é cuidadosamente tratado pelo operador. Os segredos são guardados a sete chaves, pois são informações absolutamente confidenciais, e apontam para novas descobertas e prioridades de investimentos”
Então senhores congressistas, ficam as seguintes perguntas:
- Porque entregar a operação do pré-sal para petroleiras estrangeiras?
- Além das petroleiras estrangeiras, quem mais vai lucrar com isto?
Cláudio da Costa Oliveira
Economista aposentado da Petrobras