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Fiocruz alerta: número de casos de Covid-19 no Brasil volta a crescer

O Brasil registrou 979 mortes por covid-19 hoje (19). Com o acréscimo das últimas 24 horas, o país chegou a 572.641 vítimas do coronavírus. No mesmo período, foram notificados 36.315 novos doentes, totalizando 20.494.212 desde o início da pandemia, em março de 2020. Por mais um dia, o índice de novos infectados supera a média móvel de casos, calculada em sete dias, que está em 29.878. Desde sábado (14). o índice mostra reversão da tendência de queda.

O movimento da pandemia foi alvo de um alerta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), emitido na noite de ontem. A entidade aponta para possível retomada do crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), provocada pela covid-19. “Isso evidencia a necessidade de manutenção de medidas de mitigação da transmissão e proteção à vida”, destaca o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do boletim InfoGripe, publicação que que monitora a propagação de vírus respiratórios no Brasil.

Gomes faz coro ao conjunto de cientistas que critica o abandono de medidas de contenção do vírus em todo o país. Em São Paulo, por exemplo, o governador João Doria (PSDB) “decretou” o fim da quarentena e a suspensão de todas as medidas de restrição do comércio e serviços. A medida foi amplamente criticada por especialistas, inclusive integrantes do próprio governo, o que levou o político a desfazer o Centro de Contingência da Covid-19. “Doria faz um cálculo político e não sanitário”, disse o pesquisador da Fiocruz Jesem Orellana à RBA.

Covid avança no Brasil

O cenário previsto pela Fiocruz é de crescimento do contágio em quatro estados brasileiros: Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. O Rio de Janeiro tem o cenário mais delicado, único com alerta de “forte crescimento”. Estudos apontam para prevalência da variante delta no estado, e sete cidades já contam com esgotamento do sistema de Saúde, ou 100% dos leitos ocupados. São elas: Teresópolis, Itaguaí, Itaperuna, Nova Friburgo, Bom Jesus de Itabapoana, Miracema e Cantagalo.

Entre as capitais, apenas oito apresentam tendência de recuo nos casos: Belém (PA), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Macapá (AP), Maceió (AL) e Palmas (TO). Em cinco, sinal de crescimento em curto prazo: Aracaju (SE), João Pessoa (PB), Natal (RN), Porto Velho (RO) e Teresina (PI). Outras seis com tendência de crescimento a longo prazo, incluindo Florianópolis com “forte tendência”: Curitiba (SC), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Alerta máximo

A Fiocruz aponta que outros 11 estados apresentaram possível interrupção na tendência de queda dos indicadores, vista desde a segunda quinzena de abril. “No Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe verificou-se estabilidade e sinal moderado de crescimento a curto prazo.

Outros oito capitais apresentam tendência de estabilidade. “O que indica interrupção da tendência de queda ou manutenção de platô: Belo Horizonte (MG), plano piloto de Brasília e arredores (DF), Manaus (AM), Recife (PE), Rio Branco (AC), Salvador (BA), São Luís (MA) e Vitória (ES)”. Todas as capitais encontram-se em zonas com transmissão de nível alto, muito alto ou extremamente alto. “Tal situação manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, caso não haja nova mobilização por parte das autoridades e população locais”, finaliza Gomes.

O crescimento de casos de covid no Brasil tem relação com o avanço da variante delta do coronavírus. A cepa é até 70% mais contagiosa que as demais e derruba a eficácia das primeiras doses das vacinas. Em todo o mundo, a mutação provocou aumento expressivo de infecções e consequentes internações. Nos países com vacinação mais avançada, isso não se resultou em mais mortes. Porém, o quadro preocupa no Brasil, já que o número de pessoas com a vacinação completa é baixo, apenas 25,44%.

Os Estados Unidos, com 46,96% da população imunizada com duas doses, passa por um novo período de aumento de casos e mortes. Outros países, como Israel e Chile, também. De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC), entidade estatal norte-americana, 99% dos mortos são de pessoas que rejeitaram as vacinas ou não haviam tomado a segunda dose. Diferentes estudos apontam que todas as vacinas em circulação no Brasil (CoronaVac, Pfizer, AstraZeneca e Janssen) são eficazes contra a variante delta.

Embora as vacinas fortaleçam a imunidade e salvem vidas, cientistas argumentam que elas não impedem o contágio. Medidas de distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos seguem essenciais para controlar a disseminação do vírus. “Uma efetividade de 90% das vacinas da covid-19 quer dizer, simplificando, que elas diminuem o risco de morte de nove em cada dez pessoas contaminadas. Mas se não controlamos a pandemia com outras medidas também, ainda são muitas mortes”, simplifica o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino.

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