Sindipetro ES

Mesa do segundo dia do 30º CONGREPES debate sobre o caldeirão do ódio das fake news

Durante a noite desta sexta (09), no segundo dia de atividades do 30º Congresso Estadual dos Petroleiros do Espírito Santo – CONGREPES, petroleiros e petroleiras capixabas acompanharam a discussão sobre “Fake news, redes sociais, homofobia e racismo: o caldeirão do ódio”. O evento segue até este sábado (10), com transmissão pelo YouTube do Sindipetro-ES.

A abertura da segunda noite do 30º CONGREPES aconteceu às 19h, com a fala da diretora da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer do Sindipetro-ES, Bruna Moschen. Ela comandou a mesa, que contou com a presença da vereadora de Vitória Camila Valadão (PSOL); da professora e ex-secretária de Educação de Cariacica, Célia Tavares; e do representante da Frente Petroleira LGBTQIA+, Tiago Franco.

Após uma breve apresentação das convidadas e do convidado, a diretora Bruna fez a leitura dos informes, convidando a todos para contribuir com o projeto Cozinha Solidária (clique aqui para doar), e também para participar do minicurso de inglês instrumental para Petróleo e Gás, que vai acontecer neste domingo (11). Confira!.

Assista à Mesa “Fake news, redes sociais, homofobia e racismo: o caldeirão do ódio” >> https://www.youtube.com/watch?v=8za4j0Eaf6c

Violência de gênero

A primeira convidada a falar, no segundo dia do 30º CONGREPES, foi a vereadora Camila Valadão, apontando os desafios de uma mulher ao estar num espaço político, ocupando esse local de representatividade, eleita pela população de Vitória. “Nossos desafios são muitos para chegar a esse espaço de poder, e quando chegamos somos vítimas sistematicamente de uma violência política, que no nosso país é marcado por um traço de gênero”, enfatizou Valadão.

Segundo a vereadora, a violência política de gênero não é só a agressão física ou a execução, como foi o caso da vereadora assassinada Marielle Franco. Essa violência pode acontecer de várias maneiras, pode ser, por exemplo, por fake news. “Também podem ser xingamentos nas ruas, não apenas via internet, ou até por ameaças. Muitas mulheres são ameaçadas pelo Brasil, assim como aconteceu comigo, numa sessão pública, que mesmo sendo gravada, o parlamentar ainda se sentiu à vontade para agredir”, ressaltou.

A vereadora pontua que essas agressões acontecem com o objetivo de excluir, silenciar e deixar as vítimas com medo. Como ela mesmo pontuou, o episódio que aconteceu Valadão, no dia 08 de março de 2021, é algo que acontece no cotidiano de muitas mulheres. “E com o objetivo para que a gente se sinta intimidada. A violência política de gênero tem o objetivo de falar: ‘Olha, mulheres, não venham’. Esse é um objetivo de desestimular as mulheres para ocuparem esses espaços”, alertou.

Estratégias

Para ela, a melhor estratégia é a de não se intimidar. “No meu caso, a melhor resposta veio com as mulheres indo à Câmara, ocupando esse espaço. E nós achamos que a melhor maneira é formar uma ampla rede de acolhimento, apoio e solidariedade. O que esse projeto político, colocado no nosso país, quer é nos anestesiar. Eles querem a gente em casa, fechado, com medo, sem reação. E a nossa melhor resposta é as ruas, as redes, as manifestações”, disse a vereadora.

Infelizmente, segundo a vereadora, não há dúvidas de que os ataques só estão começando. Sendo fundamental que estejamos preparados para enfrentá-los.

“Produzem notícias que não existem. Porque quem não tem proposta, não tem projeto, precisa dessas artimanhas, precisa do povo com medo. Essa forma de política mobiliza a partir do medo, de fantasmas que não existem, para criar um salvador, um herói. Nosso desafio é identificar essas estratégias para responder a altura. O episódio que eu vivi eu nem falo o nome do agressor, porque ele também vive disso. Por isso que entidades, movimentos e mandatos políticos que ainda não conseguiram traçar suas estratégias de comunicação para conseguir lidar com essas situações, precisam trazer a comunicação para dentro de suas estratégias políticas. E não falo de comunicação só em rede social. Não podemos abandonar o olho no olho, o diálogo na rua”, aponta Valadão.

Fascismo

Para o petroleiro Tiago Franco, representante da Frente Petroleira LGBTQIA+, o terreno fértil para a disseminação da fake news, e que leva o ataque direto ao debate político, dialoga com o discurso da moralidade e tem haver, diretamente, com o espírito do tempo atual, de uma feição fascista.

“As lideranças fascistas se aproveitam disso, de um campo natural para a repressão sexual. Como estratégia, a liderança política se foca menos em questões sociais, como o preço do feijão, do aluguel, o salário ou o transporte, para ir atrás de quem está em cada caixinha. Quem está na caixinha dos pecadores, dos imundos ou dos impuros. É esse o campo em que estamos, numa era do fascismo digital, com os fascistas conhecendo bem o campo que estão andando e sabendo manipular bem essas ferramentas”, argumentou Franco.

Para ele, conhecer o funcionamento dos algoritmos e de como são usados para a manutenção do discurso de ódio, sendo criado e controlado pelas grandes corporações, é essencial para construir um enfrentamento nesses espaços. “Entender como tudo isso funciona é fundamental”, frisou.

Mas o trabalho nas redes não deve ser exclusivo, e nisso Franco concorda com o que foi dito pela vereadora Camila Valadão. Segundo ele, o “olho no olho” faz parte da luta. “O trabalho de base, a luta diária e de levantar as bandeiras que defendemos, é fundamental e precisa ser fortalecido, funcionando como um escudo contra as fake news. Até porque o espaço está em disputa, e nós temos capacidade de virar esse jogo, a favor do que a gente propõe, movendo as paixões nas pessoas para que elas também reconheçam suas vidas nessas bandeiras de luta”, disse o petroleiro.

Ataques pessoais

A professora e ex-secretária de Educação de Cariacica, Célia Tavares, sofreu na pele os ataques pelas redes sociais e presencialmente, principalmente durante a sua candidatura à Prefeitura de Cariacica, em 2020. Em disputa eleitoral, como disse Célia, já se esperava que os ataques pudessem vir, ao invés de se ampliar a discussão política de interesse à cidade.

“Do ponto de vista pessoal, eu continuo sendo a mesma Célia. Que tem seus amigos, sua vida pessoal, sua família. Mas houve um momento em que eu chorei. Foi quando fizeram ataques a minha família, ao meu irmão, que tinha falecido há pouco tempo. Agredir a minha pessoa, a gente sabe que ocorre. Mas agredir a minha família, que havia perdido um ente tão querido, foi cruel. O que me afetou foi não respeitar a morte de uma pessoa. E isso demonstra o nível deles, que é muito baixo”, disse Tavares.

Ela defende que quem realiza esse tipo de ataque não se importa com o sentimento do outro, mas ainda vê esperança e uma possibilidade de saída. “Eu acredito que vai chegar um momento em que essas pessoas vão pagar pelo o que elas fizeram e fazem”, ponderou a ex-secretária de Educação de Cariacica.

Afinal, como ela mesmo disse, as mentiras que hoje são chamadas de fake news, sempre existiram. O que ocorre é que, com as redes sociais, elas passaram a ter uma agilidade e um alcance muito maior. Assim como o estrago que provocam. “Por isso acredito que se tivermos um comportamento mais adequado, diante desses ataques, seremos capazes de mudar essa situação. Porque enquanto a razão deles (dos que produzem e espalham fake news) é uma razão de morte. A nossa é uma razão de vida”, afirmou.

Sorteio

Ao fim de todas as falas, depois das rodadas de perguntas e respostas, foram realizados três sorteios, a partir da lista de participação, com o link sendo disponibilizado durante a realização do debate no chat do YouTube. Os vencedores foram: Laurineth Maria Barbosa Teodoro, de uma caixa de som; Rafael Reis de Oliveira, de um kit de beleza e cuidados; e Naiara Oliveira dos Santos, com outra caixa de som. O evento foi encerrado antes das 21h, com mais de 160 visualizações e participação, média, de 40 pessoas assistindo.

Último dia

O 30º CONGREPES termina neste sábado, dia 10 de julho. A programação do terceiro e último dia do Congresso terá mais três transmissões pelo YouTube do Sindipetro-ES. As duas primeiras serão pela manhã, e em sequência. Acompanhe: https://www.youtube.com/watch?v=9vaFHaXtuF8.

A partir das 09 horas, teremos a mesa “Energia para o futuro: o fim do petróleo ou o fim da Petrobras?”; seguida da mesa “Saúde e segurança do trabalhador em tempos de pandemia”, prevista para acontecer das 10h30 às 11h30. Haverá um intervalo de dez minutos entre os dois debates, mas as transmissões acontecerão no mesmo link.

Para o período da tarde, a previsão é de retomar as atividades a partir das 14 horas, com a mesa “O Sindicalismo moderno e a urgência de ressignificar o trabalho”. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=fHRZrtgC_OE.

A quinta e última mesa do 30º CONGREPES será seguida da finalização e leitura da carta do Congresso. A partir das 16 horas, o evento partirá para a eleição da delegação que irá representar o Espírito Santo na IX PLENAFUP. O evento será encerrado às 16h30.

Confira a programação completa: https://pecorari-cloudbr54.pecoraricloud.com.br/~sindipetroesorg/wp-content/uploads/2021/07/Programa%C3%A7%C3%A3o-30-CONGREPES-1.pdf.

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