Sindipetro ES

Acidentes de trabalho e surto de Covid-19: atual gestão da Petrobrás tem sido negligente com as condições de trabalho para os petroleiros

 
Os/as trabalhadores/as do Sistema Petrobrás estão literalmente entregues à própria sorte graças à inconsequência da empresa. O ano de 2020 está marcado por acidentes de trabalho e por centenas de trabalhadores infectados pela Covid-19, em ambos os casos há mortes de homens e mulheres que deixam para trás famílias e amigos. Para os executivos da Petrobrás, somos apenas números. 
Em 10 de janeiro, um trabalhador da Petrobrás morreu e outros cinco terceirizados foram internados após intoxicação alimentar a bordo do navio holandês que transportava a P-70, plataforma construída na China. Em agosto, o Sindipetro-NF recebeu diversas denúncias de que trabalhadores das gerências de Operações Submarinas, de mergulho e instalação de oleodutos e gasoduto, estavam em escalas exaustivas – de 28 dias de folga por 28 dias de trabalho a bordo para o pessoal da Petrobrás. Para os petroleiros terceirizados (da iniciativa privada), a escala beira a escravidão: 35 dias de trabalho (9 em hotel confinado fazendo quarentena e 26 embarcados), com 21 dias de folga. Esse excesso de trabalho, além de expor os companheiros à contaminação pelo novo coronavírus, eleva o risco de acidentes, inclusive o de mortes. 
Em 15 de setembro, ocorreu um acidente com o vazamento de 400 litros de sequestrante de H2S no turret do FPSO na P-31. Não houve vítimas, porém poderia ter ocorrido uma tragédia. 
No dia 19, mais um acidente. Desta vez, diversos relatos dos trabalhadores a bordo da P-69 que relataram um grave incêndio na plataforma. 
No mês de outubro, trabalhadores da P-56 denunciaram sobre o surto de Covid-19 na plataforma e em um barco de apoio. 
Em 20 de novembro, o navio Carmen, de propriedade da empresa OceanPact Serviços Marítimos, naufragou na Bacia de Campos no Rio, com 18 tripulantes. Não houve vítimas. 
 
A pandemia e o descaso da Petrobrás
O coordenador geral do Sindipetro-ES, Valnísio Hoffmann, comenta que desde o início da pandemia os sindicatos têm denunciado ao Ministério do Trabalho a negligência e letargia da Petrobrás em relação à saúde dos trabalhadores: “Só depois de 6 meses desde o começo da pandemia, com vários trabalhadores infectados, é que a empresa adotou as medidas que os sindicatos haviam recomendado logo no início da crise sanitária. O que melhorou as condições de trabalho”, comenta Hoffmann. Porém, ele lembra que os empregados ainda estão expostos por causa a aglomeração em algumas unidades da Petrobrás e a lotação no transporte público. 
 
Segundo Hoffmann, a Petrobrás parece ter assumido o mesmo posicionamento negacionista do governo de Jair Bolsonaro sobre a pandemia. Hoffmann alerta que os trabalhadores/as não estão sozinhos: “Como forma de evitar outros surtos nas unidades da empresa e evitar levar o vírus para casa, o Sindipetro-ES pagou mais 30 exames para detectar a covid-19 em trabalhadores com suspeita da doença, já que a Petrobrás foi omissa. E estamos vigilantes”, ressalta Hoffmann.
Depressão e suicídio
Toda essa incerteza sobre o futuro da Petrobrás, a pressão no trabalho e a ansiedade gerada pela pandemia, tem elevado os casos de trabalhadores com depressão e também os de suicídios, como denúncia Hoffman: “São muitos os casos de colegas diagnosticados com doenças psicológicas. Isso tem total relação com esse processo de sucateamento e privatização da Petrobrás. É um estresse muito alto,” desabafa o coordenador. Ele também reclama da falta de transparência da Petrobrás em informar o real número de trabalhadores diagnosticados com depressão.  
Os sindicatos continuam atuando em defesa dos trabalhadores, cobrando maior fiscalização nos contratos firmados pela Petrobrás com outras empresas e as medidas sanitárias recomendas pela Organização Mundial da Saúde. A classe trabalhadora não está sozinha. Pedimos aos/as companheiros/as que denunciem aos sindicatos qualquer ameaça, descaso, acidente, desrespeito ou risco de contaminação pelo novo coronavírus. Não é hora de se calar. É hora de lutar por nossos direitos e nossas vidas!

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