“Enterrar de novo o populismo”
Vamos falar francamente: A Petrobras só não está em pedido de recuperação Judicial porque é estatal.
A frase título deste artigo faz parte do texto divulgado pelo jornalista,Carlos Alberto Sardenberg, em 28 de abril de 2016, portanto, completará 4 anos na próxima semana, com o título “Enterrar de novo o populismo”.
Na época Sardenberg, cujo artigo foi publicado em todos os jornais das afiliadas à rede Globo pelo Brasil, foi categórico, “Quebraram a estatal. Vamos falar francamente: a Petrobrás só não está em pedido de recuperação judicial porque é estatal. Todo mundo espera que, em algum momento, o governo imprima dinheiro para capitalizar a empresa”
E mais : “A Petrobrás não quebrou apenas por corrupção. A causa maior é a péssima administração, consequência daqueles princípios estatistas”
Não vou falar mais sobre este artigo, deixo com vocês a oportunidade de lê-lo por inteiro (clique aqui).
O fato é que 2016 terminou e não houve qualquer pedido de recuperação judicial e muito menos aportes do Tesouro. Pelo contrário, no final de 2016 a Petrobrás adiantou R$ 20 bilhões para o BNDES aliviando o caixa do banco. Terminou o ano com um crédito, mantido em “banho maria”, de US$ 5 bilhões com a Eletrobrás e US$ 11 bilhões a receber de ativos já vendidos. Mesmo assim ainda fechou 2016 com um saldo de caixa superior a US$ 20 bilhões.
Em 2016 a Petrobrás obteve uma Geração Operacional de Caixa de US$ 26,2 bilhões superior a todas grandes petroleiras internacionais (Exxon 22,10 Shell 20,62 Chevron 12,90 e BP 10,69). Terminou 2016 com uma Liquidez Corrente de 1,8, igual ao somatório da liquidez das duas maiores petroleiras americanas (Exxon 0,90 e Chevron 0,90) e um saldo de caixa de US$ 21,20 bilhões, superior ao dobro do somatório do saldo das americanas (Chevron 6,99 e Exxon 3.65 )
Carlos Alberto Sardenberg nunca se retratou, pelo contrário, continuou dizendo que a companhia estava quebrada. Jamais apresentou qualquer número para sustentar suas afirmações, mesmo porque seria impossível pois os números sempre mostraram o inverso.
O restante da grande mídia brasileira (além da Globo), igualmente entreguista, aceitou tudo como verdade sem nenhuma investigação, mesmo que superficial.E a mentira virou verdade para a ludibriada população brasileira : a Petrobrás estava quebrada.
Em 2016, Michel Temer nomeou Pedro Parente para a presidência da Petrobrás. Agora sim. Era tudo que os jornalistas da Globo queriam. Miriam Leitão vibrava “ um colosso”.Em outubro de 2016, Parente implantava a nova política de preços. Um verdadeiro crime de lesa-pátria e contra a economia popular. Ninguém na imprensa brasileira sequer analisou o assunto “a empresa estava em boas mãos”
Devido a esta política de preços Pedro Parente perdeu o cargo em 2018, com a greve dos caminhoneiros. Fizeram alguns subsídios, mas a política de preços continuou. Além da política de preços, uma verdadeira jabuticaba venenosa, assistimos as inconsequentes vendas de ativos valiosos. Já falei muito sobre tudo isto e não quero ser repetitivo.
Chegamos em 2019, quando a empresa só apresentou lucro graças à venda de ativos e do controle da BR Distribuidora. A companhia foi destruída. Onde estão os jornalistas da Globo ?
Faz tempo que não leio nada deles sobre a Petrobras. Sugiro um título para o Sardenberg escrever : “Enterrar de novo o neoliberalismo”.
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobrás aposentado