A diretoria do Sindipetro/ES confessa que nunca imaginou que chegaria o dia em que seria necessário escrever sobre as relações de violência de trabalho que os petroleiros e as petroleiras da FPSO P-58 vem sofrendo. Até então, nossa preocupação maior estava voltada para a integridade dessa plataforma, especialmente devido às frequentes quedas de objetos, que representam um perigo para todos os trabalhadores. No entanto, nos vimos obrigados, nesta quarta-feira, dia 28 de junho, a mudar completamente o foco e destacar o tratamento desumano enfrentado pelos trabalhadores da P-58, transformando um ambiente que deveria ser agradável em algo penoso, exaustivo e repleto de riscos de acidentes.
Além das constantes quedas de objetos que comprometem a segurança dos trabalhadores, já citado acima, percebemos que há uma equipe de líderes que vem ignorando o esforço físico e mental já exaustivo dos trabalhadores e das trabalhadoras ao longo dos dias em que estão confinados, tratando a todos como meros objetos a serem explorados. Para piorar, não há espaço para negociação nem empatia. Há, apenas, a ordem do “fazer”, inclusive com desvios de função.
Reconhecemos, ainda, que com as ferramentas de assédio que surgiram na Petrobrás após o golpe na presidenta Dilma Rousseff, os trabalhadores e as trabalhadoras da Companhia seguem vivendo com medo de que suas avaliações sejam prejudicadas no GD, o que afetaria seu avanço de nível e PPP. E, dessa forma, acabam se sujeitando, cada vez mais, a trabalhar sob riscos de graves acidentes.
E ainda é lamentável reforçar que, até o momento, a FPSO P-58 não incluiu a criação de uma sala apropriada para os técnicos de operação. Enquanto há oficinas para mecânica, elétrica, instrumentação e uma sala de segurança, a sala dos operadores é simplesmente uma área de processo, exposta ao sol e à chuva.
Outro fato recorrente são os constantes assédios em cima de trabalhadores durante seus momentos de pausa ou relaxamento. Uma ida à sala de controle para buscar um café ou usar o computador para fazer um treinamento tornou-se sinônimo de “sofrer assédio”. O que fere, diretamente, a NR-17, que em seu artigo 17.4.3.1, inciso “a”, estabelece pausas para a recuperação psicofisiológica dos trabalhadores, que devem ser consideradas como tempo de trabalho efetivo. Norma que é ignorada solenemente pelas lideranças da FPSO P-58, o que leva toda diretoria do Sindipetro/ES a acreditar que, para esses gestores, quanto mais os trabalhadores são psicofisiologicamente esgotados, melhor.
Para piorar, sabemos que uma parada de produção está por vir, e desejamos que os problemas de integridade da plataforma sejam solucionados. Mas é fundamental que isso seja feito respeitando a integridade dos trabalhadores, sem colocá-los sob quaisquer tipos de risco. É tudo que queremos!
Assédio nunca mais! Sindipetro/ES em ação!