A Petrobras acaba de vender mais dois polos capixabas: Golfinho e Camarupim, ambos daqui do Espírito Santo. Com mais essa venda escandalosa, a maior empresa da América Latina dá adeus a bacia do Espírito Santo, desfez-se de todos os campos terrestres e águas rasas e, agora, conclui a venda dos campos em águas profundas.
O escândalo dessa venda está exatamente no valor irrisório que a Petrobrás aceitou para fechar o negócio. Após dois anos de tramitações financeiras, o preço final ficou no valor proposto pela Companhia: US$ 75 milhões. Só que esse valor a ser pago pela empresa BW Energy – que ninguém sabe quem é – pode ser recuperado em apenas 50 dias de produção. É isso mesmo!
Vamos às contas: a capacidade só de um dos polos vendidos, o Polo Golfinho, é de aproximadamente 15 mil barris produzidos por dia. Ao considerar a cotação média atual de US$ 100 por barril, somente com um dia de produção a nova empresa atinge US$ 1,5 milhão em barris de petróleo, sendo necessários 50 dias exatos para chegar aos US$ 75 milhões pagos nessa compra.
E nessa conta, a empresa consegue recuperar o dinheiro investido somente com a produção de petróleo do Polo Golfinho. O cálculo acima nem considera a produção de gás natural e condensado (petróleo levíssimo) do Polo Camarupim. E também não inclui a produção do bloco exploratório de Brigadeiro, área que faz parte dessa venda e que entra no pacote.
Ainda é preciso ressaltar que a compradora leva, além das áreas de exploração, toda a estrutura que já existe nessas unidades, incluindo o mercado cativo de gás do Espírito Santo e a garantia de compra de petróleo por parte da Petrobras. O risco é zero nessa negociação, considerando ainda o fato de serem campos conhecidos e em produção.
O curioso é que essa venda foi concretizada mesmo sem presidência na diretoria da Petrobrás, e com a empresa compradora, a BW Energy, sendo desconhecida no mercado: fundada somente em 2016, a sede fica em Bermudas, conhecido paraíso fiscal internacional.
A partir de agora, a Petrobrás não é dona de nenhum campo exploratório na bacia do Espírito Santo. As consequências vão impactar na arrecadação dos municípios e dos estados, com redução significativa do repasse dos royalties; na diminuição de postos de trabalho, acarretando aumento nos números do desemprego; e, ainda, no crescimento no valor dos combustíveis para os consumidores, algo que vem acontecendo constantemente, desde 2016, quando a Companhia passou a vender seus ativos e a calcular o valor da gasolina, do diesel e do gás de cozinha a partir do Preço de Importação (PPI).
O Sindipetro/ES repudia mais essa venda descabida, escandalosa e repugnante realizada pela Petrobrás. Nossa diretoria já está se organizando com o jurídico para buscar meios de reverter essa negociação e responsabilizar quem quer que sejam os responsáveis por isso.