Artigo Publicado no site da Aepet
Com o título “Obtivemos melhores resultados em 2017” (Fatos e Dados 15/03/2018) em seu site, a Petrobrás informa os resultados de 2017.
“Obtivemos um resultado negativo de R$ 466 milhões em 2017, mas mantivemos a tendência de recuperação de nossos resultados operacionais e registramos o menor prejuízo dos últimos quatro anos”
Mais à frente nós vamos verificar que dizer que existe uma “tendência de recuperação de nossos resultados operacionais” é uma mentira, e que o fato de ser registrado o “menor prejuízo dos últimos quatro anos” ocorreu porque em 2017 foi também registrado o menor “impairment” dos últimos quatro anos.
Petrobrás – Impairments R$ bilhões
2014 2015 2016 2017
44,64 47,68 20,30 3,9
Assim fica fácil ter o menor prejuízo.
A informação continua : “Teríamos alcançado um lucro líquido de R$ 7,089 bilhões, mas despesas extraordinárias, especialmente o acordo de R$ 11,198 bilhões para encerramento da ação coletiva de investidores nos Estados Unidos (Class Action) e a adesão a programas de regularização de débitos federais, que somaram R$ 10,433 bilhões tiveram impacto significativo no resultado”.
É preciso lembrar que mesmo um eventual lucro liquido de R$ 7,089 bilhões não ocorreria se não tivessem sido feitos lançamentos extraordinários positivos, como o lucro contábil de R$ 6,3 bilhões da absurda venda da NTS e o registro, pela primeira vez, de uma reversão de impairment no valor de R$ 3 bilhões. Dependendo da evolução de alguns fatores (preço do barril, câmbio e taxa de juros) este tipo de reversão poderá ocorrer até em maiores volumes nos próximos exercícios.
O acordo com investidores americanos (fundos abutres) foi uma vergonha. Contestado por muitos especialistas e inclusive motivo de nota por parte da Associação dos Engenheiros da Petrobras – AEPET.
http://www.aepet.org.br/w3/index.php/artigos/noticias-em-destaque/item/1200-nota-da-aepet-sobre-acordo-de-pagamento-de-us-2-95-bilhoes-aos-acionistas-dos-eua
Segue-se a palavra de Pedro Parent; “Estamos numa trajetória consistente de recuperação, seguindo à risca o que nos propusemos no nosso plano de negócios. Os maiores impactos no balanço 2017 refletem despesas não recorrentes que reduzem incertezas e riscos em relação ao futuro da companhia”
Nâo vemos virtude em seguir um plano de negócios que prevê venda de ativos preciosos para aumentar saldo de caixa, como fica bem demonstrado no artigo anexo.
http://www.aepet.org.br/w3/index.php/artigos/noticias-em-destaque/item/1438-tolice-supor-que-os-petroleiros-sao-tolos
O acordo com os fundos abutres americanos aumentou as incertezas e os riscos em relação ao futuro da companhia. Tudo lamentável.
Até este ponto o Fatos e Dados procurou esconder a realidade da companhia analisando apenas os efeitos de “gastos extraordinários” e “despesas não recorrentes” fugindo dos números que realmente precisam ser avaliados.
Surge então uma informação que mostra a clara intensão de ludibriar o entendimento do leitor : o fluxo de caixa livre.
O Fatos e Dados explica : “O fluxo de caixa livre foi positivo pelo décimo primeiro trimestre consecutivo, alcançando R$ 44,064 bilhões, um volume 6% superior ao ano anterior”
O fluxo de caixa livre é calculado da seguinte forma :
Fluxo de Caixa Livre = GOC* – Investimentos
(*) GOC = Geração Operacional de Caixa . É o recurso que sobra depois de cobertos todos os custos e despesas da empresa. É o caixa para cobrir investimentos e amortizar a dívida.
Portanto o fluxo de caixa livre pode ser aumentado com o crescimento da Geração Operacional de Caixa , o que é um fato positivo, ou com a redução dos investimentos, o que , no caso da Petrobras, é um fato negativo.
No caso, infelizmente, o que ocorreu foi uma queda nos investimentos.
Atualmente a Petrobras não investe nem para delimitar as reservas existentes conforme denunciou o geólogo Luciano Seixas:
https://petronoticias.com.br/archives/109222
A delimitação das reservas possibilitaria a contabilização das mesmas aumentando o valor do patrimônio da companhia. Tudo indica que não há interesse em aumentar o valor patrimonial da empresa já que o interesse é vende-la e pelo menor preço possível.
Mas o número realmente importante de ser analisado, e foi escondido, é a Geração Operacional de Caixa – GOC.
Por que esconderam ? Muito simples, mesmo tendo havido um aumento de 24% no preço internacional do petróleo, a GOC da Petrobras que em 2016 foi de R$ 89,71 bilhões caiu para R$ 86,67 bilhões em 2017.
Isto mostra a deterioração dos resultados naquilo que é mais relevante.
Se olharmos os resultados de todas as grandes petroleiras do mundo vamos verificar um substancial incremento na GOC em 2017, consequência direta do aumento no preço do barril. A GOC da Exxon cresceu 36% e da Total 27%. A Shell além do preço do barril teve o efeito da compra da BG e sua GOC cresceu 73%.
O preço internacional do petróleo teve a seguinte evolução nos últimos anos :
US$/barril
2015 2016 2017
52,46 43,69 54,27
A atual administração, com muita pompa midiática, lançou uma nova política de preços prometendo equiparação com os preços internacionais e a recuperação do market share da empresa.
Memórias de cálculo de como os preços estão sendo estabelecidos nunca foram apresentadas, e os resultados tem sido adversos para a companhia.
Das duas uma : ou eles estão agindo de má fé, beneficiando deliberadamente concorrentes (Ipiranga e Shell) e refinarias americanas, ou não são competentes para estabelecer uma política comercial adequada para uma empresa como a Petrobras, num país como o Brasil.
O fato é que os reflexos da nova política de preços deveriam se fazer sentir primeiramente da receita da companhia :
Petrobras – Receita liquida R$ bilhões
2015 2016 2017
321,64 282,59 283,70
Podemos verificar que isto não aconteceu, pelo contrário. Mesmo com produção menor e preço do barril menor a receita em 2015 foi 13% maior .
O efeito negativo aparece também no Lucro Bruto ( Receita Liquida – Custo dos Produtos Vendidos), que é o mais importante indicador do desempenho operacional da empresa :
Petrobras – Lucro bruto R$ bilhões
2015 2016 2017
98,57 89,98 91,60
Mais uma vez vemos o resultado deteriorado.
Verifica-se portanto que não está havendo nenhuma “recuperação” como tenta fazer crer a empresa num relato falacioso e inconsistente. Pelo contrário, o objetivo da atual administração, retratado no seu Plano de Negócios, é enfraquecer a Petrobras, destruindo rapidamente tudo o que foi construído , com muito esforço, nas últimas décadas.
O QUE A ATUAL ADMINISTRAÇÃO DA PETROBRAS TENTA ESCONDER DOS PETROLEIROS E DA SOCIEDADE BRASILEIRA ?
Dois fatores são decisivos para as quedas de receita, lucro bruto e geração operacional de caixa da companhia.
a) Venda de ativos altamente lucrativos, feita de maneira criminosa , irresponsável e sem nenhuma necessidade.
b) Uma política de preços que entrega o mercado brasileiro para os concorrentes ( Ipiranga e Shell ), coloca nossas refinarias na ociosidade, transferindo empregos, renda, impostos e lucros para os EUA.
O que está ocorrendo na Petrobras é uma atrocidade sem precedente. É preciso uma reação da sociedade brasileira e suas instituições. É necessária uma reação dos petroleiros, incluindo gerencias, e seus sindicatos .
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado
Mais à frente nós vamos verificar que dizer que existe uma “tendência de recuperação de nossos resultados operacionais” é uma mentira, e que o fato de ser registrado o “menor prejuízo dos últimos quatro anos” ocorreu porque em 2017 foi também registrado o menor “impairment” dos últimos quatro anos.
Petrobrás – Impairments R$ bilhões
2014 2015 2016 2017
44,64 47,68 20,30 3,9
Assim fica fácil ter o menor prejuízo.
A informação continua : “Teríamos alcançado um lucro líquido de R$ 7,089 bilhões, mas despesas extraordinárias, especialmente o acordo de R$ 11,198 bilhões para encerramento da ação coletiva de investidores nos Estados Unidos (Class Action) e a adesão a programas de regularização de débitos federais, que somaram R$ 10,433 bilhões tiveram impacto significativo no resultado”.
É preciso lembrar que mesmo um eventual lucro liquido de R$ 7,089 bilhões não ocorreria se não tivessem sido feitos lançamentos extraordinários positivos, como o lucro contábil de R$ 6,3 bilhões da absurda venda da NTS e o registro, pela primeira vez, de uma reversão de impairment no valor de R$ 3 bilhões. Dependendo da evolução de alguns fatores (preço do barril, câmbio e taxa de juros) este tipo de reversão poderá ocorrer até em maiores volumes nos próximos exercícios.
O acordo com investidores americanos (fundos abutres) foi uma vergonha. Contestado por muitos especialistas e inclusive motivo de nota por parte da Associação dos Engenheiros da Petrobras – AEPET.
http://www.aepet.org.br/w3/index.php/artigos/noticias-em-destaque/item/1200-nota-da-aepet-sobre-acordo-de-pagamento-de-us-2-95-bilhoes-aos-acionistas-dos-eua
Segue-se a palavra de Pedro Parent; “Estamos numa trajetória consistente de recuperação, seguindo à risca o que nos propusemos no nosso plano de negócios. Os maiores impactos no balanço 2017 refletem despesas não recorrentes que reduzem incertezas e riscos em relação ao futuro da companhia”
Nâo vemos virtude em seguir um plano de negócios que prevê venda de ativos preciosos para aumentar saldo de caixa, como fica bem demonstrado no artigo anexo.
http://www.aepet.org.br/w3/index.php/artigos/noticias-em-destaque/item/1438-tolice-supor-que-os-petroleiros-sao-tolos
O acordo com os fundos abutres americanos aumentou as incertezas e os riscos em relação ao futuro da companhia. Tudo lamentável.
Até este ponto o Fatos e Dados procurou esconder a realidade da companhia analisando apenas os efeitos de “gastos extraordinários” e “despesas não recorrentes” fugindo dos números que realmente precisam ser avaliados.
Surge então uma informação que mostra a clara intensão de ludibriar o entendimento do leitor : o fluxo de caixa livre.
O Fatos e Dados explica : “O fluxo de caixa livre foi positivo pelo décimo primeiro trimestre consecutivo, alcançando R$ 44,064 bilhões, um volume 6% superior ao ano anterior”
O fluxo de caixa livre é calculado da seguinte forma :
Fluxo de Caixa Livre = GOC* – Investimentos
(*) GOC = Geração Operacional de Caixa . É o recurso que sobra depois de cobertos todos os custos e despesas da empresa. É o caixa para cobrir investimentos e amortizar a dívida.
Portanto o fluxo de caixa livre pode ser aumentado com o crescimento da Geração Operacional de Caixa , o que é um fato positivo, ou com a redução dos investimentos, o que , no caso da Petrobras, é um fato negativo.
No caso, infelizmente, o que ocorreu foi uma queda nos investimentos.
Atualmente a Petrobras não investe nem para delimitar as reservas existentes conforme denunciou o geólogo Luciano Seixas:
https://petronoticias.com.br/archives/109222
A delimitação das reservas possibilitaria a contabilização das mesmas aumentando o valor do patrimônio da companhia. Tudo indica que não há interesse em aumentar o valor patrimonial da empresa já que o interesse é vende-la e pelo menor preço possível.
Mas o número realmente importante de ser analisado, e foi escondido, é a Geração Operacional de Caixa – GOC.
Por que esconderam ? Muito simples, mesmo tendo havido um aumento de 24% no preço internacional do petróleo, a GOC da Petrobras que em 2016 foi de R$ 89,71 bilhões caiu para R$ 86,67 bilhões em 2017.
Isto mostra a deterioração dos resultados naquilo que é mais relevante.
Se olharmos os resultados de todas as grandes petroleiras do mundo vamos verificar um substancial incremento na GOC em 2017, consequência direta do aumento no preço do barril. A GOC da Exxon cresceu 36% e da Total 27%. A Shell além do preço do barril teve o efeito da compra da BG e sua GOC cresceu 73%.
O preço internacional do petróleo teve a seguinte evolução nos últimos anos :
US$/barril
2015 2016 2017
52,46 43,69 54,27
A atual administração, com muita pompa midiática, lançou uma nova política de preços prometendo equiparação com os preços internacionais e a recuperação do market share da empresa.
Memórias de cálculo de como os preços estão sendo estabelecidos nunca foram apresentadas, e os resultados tem sido adversos para a companhia.
Das duas uma : ou eles estão agindo de má fé, beneficiando deliberadamente concorrentes (Ipiranga e Shell) e refinarias americanas, ou não são competentes para estabelecer uma política comercial adequada para uma empresa como a Petrobras, num país como o Brasil.
O fato é que os reflexos da nova política de preços deveriam se fazer sentir primeiramente da receita da companhia :
Petrobras – Receita liquida R$ bilhões
2015 2016 2017
321,64 282,59 283,70
Podemos verificar que isto não aconteceu, pelo contrário. Mesmo com produção menor e preço do barril menor a receita em 2015 foi 13% maior .
O efeito negativo aparece também no Lucro Bruto ( Receita Liquida – Custo dos Produtos Vendidos), que é o mais importante indicador do desempenho operacional da empresa :
Petrobras – Lucro bruto R$ bilhões
2015 2016 2017
98,57 89,98 91,60
Mais uma vez vemos o resultado deteriorado.
Verifica-se portanto que não está havendo nenhuma “recuperação” como tenta fazer crer a empresa num relato falacioso e inconsistente. Pelo contrário, o objetivo da atual administração, retratado no seu Plano de Negócios, é enfraquecer a Petrobras, destruindo rapidamente tudo o que foi construído , com muito esforço, nas últimas décadas.
O QUE A ATUAL ADMINISTRAÇÃO DA PETROBRAS TENTA ESCONDER DOS PETROLEIROS E DA SOCIEDADE BRASILEIRA ?
Dois fatores são decisivos para as quedas de receita, lucro bruto e geração operacional de caixa da companhia.
a) Venda de ativos altamente lucrativos, feita de maneira criminosa , irresponsável e sem nenhuma necessidade.
b) Uma política de preços que entrega o mercado brasileiro para os concorrentes ( Ipiranga e Shell ), coloca nossas refinarias na ociosidade, transferindo empregos, renda, impostos e lucros para os EUA.
O que está ocorrendo na Petrobras é uma atrocidade sem precedente. É preciso uma reação da sociedade brasileira e suas instituições. É necessária uma reação dos petroleiros, incluindo gerencias, e seus sindicatos .
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado