Por Cláudio da Costa Oliveira, economista aposentado da Petrobrás
Em evento promovido pela revista Exame em 30/09/2016, o atual presidente da Petrobras Pedro Parente afirmava que “Houve um certo endeusamento do pre-sal”. Na época Parente considerava que “houve uma ideologização da área do pre-sal, mas a companhia possui outros campos de boa qualidade em outras regiões”(sic).
Imediatamente escrevi um artigo lembrando que Pedro Parente era originário do governo FHC onde as estatais eram depreciadas, chamadas de elefantes etc. com o objetivo de justificar sua venda, junto à opinião pública brasileira.
Ao mesmo tempo o jornalista Fernando Brito escreveu um artigo mais contundente. Brito afirmava em seu artigo que uma frase desta só podia ter sido feita por um imbecil. E completava dizendo que Pedro Parente não era um imbecil era um “Vendilhão da Pátria” (sic)
Hoje, passados mais de um ano, com o Brasil sendo governado por uma quadrilha que envolve executivo, legislativo e judiciário. Tendo sido retirada a obrigação de participação da Petrobras em todos os blocos do pré-sal. Tendo sido aniquilado o conteúdo local. Tendo sido criadas novas leis concedendo isenção e redução de impostos para as petroleiras estrangeiras. Benefícios tais que segundo recentes estudos causarão, em 25 anos, perdas de R$ 1 trilhão ao país.
Hoje, depois de ocorrido um primeiro leilão no qual a Petrobras adquiriu áreas ofertando 80% de óleo excedente para a União, enquanto Shell e BP adquiriram áreas ofertando o valor mínimo exigido pela ANP (11%).
Agora que foi iniciado o processo de transferência das reservas do pré-sal brasileiro para as petroleiras estrangeiras. Só agora Pedro Parente mudou seu discurso. Agora, para ele, o pré-sal é valioso.
Em entrevista concedida nesta quarta-feira (22/11) ao jornalista Roberto D’avila verificamos a mudança.
Questionado sobre o pré-sal Parente salientou ser uma das poucas reservas viáveis existentes no mundo atualmente. Pela probabilidade de quase 100% de resultados positivos. Pela alta produtividade dos campos e pelo baixo custo de extração alcançado pela Petrobras. Parente afirmou que o custo de extração da Petrobras atualmente está abaixo de US$ 7 o barril.
Ou seja, tudo aquilo que nós sempre afirmamos e ele contestava.
D’avila perguntou quais eram as reservas existentes no pré-sal brasileiro. Parente se esquivou da resposta, pois sabe que, de posse desta informação, qualquer brasileiro medianamente informado vai tentar estimar o tamanho do roubo.
Outra notícia de extrema gravidade surgida recentemente, foi a reportagem do maior jornal britânico o “The Guardian” mostrando a pressão daquele governo, através do seu Ministro de Comercio, Greg Hands, que inclusive veio ao Brasil contatar o secretário do Ministério das Minas e Energia, Paulo Pedrosa, buscando obter vantagens para suas petroleiras, Shell, BP e Premier Oil, o que de fato acabou ocorrendo.
Se um ministro brasileiro fosse flagrado fazendo lobby para uma empresa nacional em qualquer país do mundo, seria taxado como corrupto e acusado de estar recebendo propina da empresa, e demitido do cargo. A PF a PGR e STF, com agilidade abririam um processo para prender o safado. A empresa envolvida seria execrada, processada e impedida de participação em licitações etc.
Para os britânicos no entanto, a interpretação é outra. O ministro é um patriota e merece todos os aplausos.
Quando será que os brasileiros vão aprender a defender o que é seu?