Em entrevista publicada nesta terça-feira (14/03) por O Globo, Pedro Parente não mostra nenhum pudor na defesa de seu projeto lesa-pátria em andamento na Petrobras.
Numa semana em que importantes decisões estão sendo tomadas em relação à empresa, como é o caso do TCU que avalia a liberação ou não da venda de ativos, Parente, apoiado por uma mídia espúria e irresponsável, mente escandalosamente buscando ganhar a opinião pública.
Na entrevista Parente afirma: ”A empresa melhorou do ponto de vista operacional, mas continua tendo a mesma dívida de US$ 100 bilhões, a maior do mundo entre as empresas do setor. Venda de ativos não é uma escolha é uma necessidade”.
A verdade é que, do ponto de vista operacional, a empresa continua a mesma, altamente lucrativa e produtiva, não melhorou, nem piorou. A prova disto é que a geração operacional de caixa nos últimos cinco anos se manteve estável: 2012 – US$ 27,4 bi, 2013- US$ 26,3 bi, 2014 US$ – 26,6 bi, 2015 – US$ 25,9 bi, 2016 (até setembro) – US$ 19,0 bi. Pedro Parente fala, mas não mostra dados que confirmem suas palavras.
A dívida da empresa, que em dezembro de 2014 era de US$ 120 bilhões, caiu em dezembro de 2015 para US$ 111 bilhões, e em setembro de 2016 estava em US$ 110 bilhões. É a maior dívida entre as petroleiras, mas o pré-sal é a maior descoberta de reservas das últimas décadas. A dívida foi gerada para o desenvolvimento destas descobertas. Nada mais natural. Os últimos estudos indicam que as reservas têm probabilidade de 90% de ser superiores a 170 bilhões de barris. Qualquer empresa no mundo gostaria de ter a dívida da Petrobras, se tivessem descoberto as reservas que ela descobriu e as tecnologias que ela desenvolveu.
Não existe nenhuma necessidade de venda de ativos e isto é claramente demonstrado pelo quadro de Usos e Fontes do plano de negócios (PNG-2017/2021) da empresa mostrado a seguir:
Vejam que as necessidades são praticamente cobertas com a geração própria de caixa (US$ 158 bilhões). A venda de ativos poderia, sem nenhum problema, ser substituída por rolagem de dívida ou até mesmo por uma utilização maior do caixa, que em setembro de 2016 era de US$ 22 bilhões. Pedro Parente está forçando a barra para vender ativos, isto está muito claro.
Em outra parte da entrevista Parente ameaça com aumento no preço dos combustíveis caso as vendas de ativos não sejam concretizadas: “A gente pode tomar a decisão de aumentar um pouco a margem”. Mas ele sabe que isto não é possível pois os preços hoje já estão no limite superior máximo para impedir a perda de mercado interno para as concorrente Ipiranga e Raizen (Shell).
O que mais nos impressiona é a passividade da pseudo-jornalista Mirian Leitão, que se auto intitula “jornalista de economia”, e nem ao menos dispendeu um pouco de tempo para olhar os números publicados pela empresa, e contestar as mentiras de Parente. É fantástico.
Cláudio da Costa Oliveira – Economista aposentado da Petrobras para o portal Brasil 247